sábado, 26 de julho de 2008

FÉRIAS



É verdade, chegou a altura de parar um pouco, descansar, pensar em muitas coisas que não trabalho e tirar umas ferias aqui no blog. Voltarei em Setembro, sem precisar o dia, pois o mês de Setembro avizinha-se muito intenso, por causa das vindimas.

Boas Férias a todos e até Setembro

quarta-feira, 23 de julho de 2008

O Altas Quintas Colheita

Faltava este vinho para provar toda a gama da Altas Quintas:


Altas Quintas 2005
Produtor - Altas Quintas
Região - Alentejo
Grau - 14,5% Vol
Preço - A partir de 19€
Feito a partir das castas Trincadeira, Aragonês e Alicante Bouschet, este vinho fermentou em balseiros de carvalho francês, ao que após estagiou em barricas novas da mesma madeira.
Cor rubi de boa concentração.
No ataque, muitas sugestões minerais a lembrarem minas de lápis, e aromas de barrica muito presentes, apesar de não estragarem o conjunto. Está muito jovem ainda. De seguida inicia-se a dança de aromas de fruto silvestre, algum especiaria e ligeira erva doce.
Muito bem na boca, este vinho tem reflexos de frescura apesar do grau que apresenta. Boa acidez e taninos firmes completam o quadro, onde a vertente mineral acompanha novamente a prova. Final de boa intensidade e ainda melhor persistência.
Novamente um Altas Quintas a mostrar que neste gama só preocupa a qualidade. Ainda algo jovem e com muitas sugestões da barrica onde estagiou, este vinho terá ainda uma fase de integração em que, na minha opinião, melhorará significativamente. Ainda assim, já dá muito prazer apesar de que quem esperar, será recompensado.
Nota 16,5

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Brites Aguiar e 2PR apresentam novidades

Foi no passado dia 10 de Julho que o produtor de vinhos, Brites Aguiar apresentou a nova colheita do seu vinho homónimo, Brites Aguiar 2006.
Ainda neste evento, foi também apresentada uma novidade e surpresa, pela equipa 2PR, que aliás também é responsável técnica pelos vinhos Brites Aguiar.
A apresentação teve lugar no Gemelli, que elaborou um menu de acordo com os vinhos que iriam ser provados.


A Casa Brites Aguiar é uma empresa familiar, composta por 3 irmãos, Lucia, Paulo e Tomy. Localizada no Cima Corgo, no Douro, esta empresa possui 45ha de vinha, com cota entre os 230 e 450m, dos quais resultam os vinhos Bafarela e Brites de Aguiar.
Pode encontrar mais Informações em www.britesaguiar.com
O vinho Brites Aguiar é o vinho mais emblemático da empresa, e o também o que foi apresentado, na sua versão de 2006:

Brites Aguiar 2006
Produtor - Brites Aguiar
Região - Douro
Grau - 15% vol
Preço - Recomendado 28€
Feito a partir das castas Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz, este vinho estagiou por 18 meses em barricas novas, de 500l, de carvalho francês.
Muito concentrado na cor.
A sugestão de um vinho com aromas algo concentrados, algo maduros, é óbvia e como tal, apresentam-se aromas de fruto muito maduro, chocolate, caramelo a que se associam algumas notas florais e de barrica.
Na boca, muito mineral. Contrariamente ao que pressupunha a prova de nariz, este vinho apresenta rasgos de frescura e esconde bem todo o seu volume alcoólico. Os seus taninos são dóceis, maduros mas estão presentes. Termina com boa persistência com subtil ligeiro amargor.
Tive a oportunidade de dizer que gostei muito deste vinho. Tem personalidade, tem taninos muito agradáveis. Penso que no patamar de preço onde se situa, a originalidade seria muito mas premiada, ainda assim considero-o como muito bom vinho.
Nota 16



A 2PR (Duplo PR) é uma empresa de consultoria enológica que desenvolve todo o seu trabalho na Região do Douro. Neste momento lideram projectos como Brites Aguiar, Bajancas, Quita do Soque e ainda têm tempo para fazer vinhos por sua conta e risco.
Os mentores desta empresa são Pedro Sequeira e António Rosas, que alem de partilharem amizade, partilham da paixão pelo vinho.
A apresentação de um vinho branco muito especial, trouxe-nos neste dia ao Gemelli, uma vez que este vinho é obra deste trio de amigos.
O Vinho, 2PR Vinho Branco Unfiltered Gemelli, é nada mais nada menos que um encontro de amigos e resultou de um desafio lançado por Augusto Gemelli, aos 2PR, para a execução de um branco que não sofresse qualquer filtração nem estabilização. A ideia parece de loucos, e inclusive quando o Pedro Sequeira me disse o que seria apresentado, olhei para ele com algum cepticismo.


2PR Vinho Branco Unfiltered Gemelli 2007
Produtor - 2PR e Augusto Gemelli
Região - Vinho de Mesa
Grau - 12% vol
Preço - Apenas à venda na Galeria Gemelli
Feito a partir das castas Rabigato, Códega do Larinho e Gouveio, este vinho, sem sofrer qualquer filtração ou estabilização, estagiou por 6 meses em barricas novas de carvalho francês.
Na cor está tudo dito. Turvo e mesmo com algumas partículas em suspensão.
Muito bem no aroma. Intensidade e sobretudo muita frescura e originalidade. Aroma de fruto branco, vegetal, muito mineral e citrino a que se associam algumas de baunilha.
Boca com boa dose de cremosidade ou untusidade, vibrante graças a uma fantástica acidez e muita fruta no final. Curiosamente, e apesar do seu pouco álcool, este vinho apresentou um final algo quente, mas persistente, que quase desmanchou todo o prazer.
Uma experiência? Vontade de alterar algo? Bem, isto é o que chamo de novidades. Na realidade mantenho algumas reservar quanto ao sucesso de um vinho destes numa prateleira de uma garrafeira. Ainda que esteticamente, aliás visualmente, possa parecer algo repugnante a ideia, este vinho é um belíssimo vinho e isso a mim bastou para ser convencido. Bonito no aroma e electrizante na boca, só mesmo um final algo quente borrou a pintura. Para já, terá de se deslocar à Galeria Gemelli para o provar. No futuro......quem sabe?
Nota 17

domingo, 13 de julho de 2008

Os Altas Quintas

Uma vez provados os Altas Quintas Crescendo, que deram muito boa conta de si, é chegada a vez de provar a gama alta da casa. O Altas Quintas Reserva 2005, Altas Quintas Colheita 2005 e a novidade, Altas Quintas Mensagem de Aragonês 2005.


Altas Quintas Reserva 2005
Produtor - Altas Quintas
Região - Alentejo
Grau - 14,5% vol
Preço - Desde 26€
O topo da casa foi feito a partir das castas Trincadeira, Aragonêz e Alicante Bouschet, de vinhas que se encontram a cerca de 600m de altitude, na serra de São Mamede, Região de Portalegre. Estagiou por 16 meses em barricas novas de carvalho francês e americano e após um estagio em garrafa foi lançado no mercado.
Cor rubi de boa concentração.
Inicialmente muito fechado. Parei a prova, decantei o vinho e esperei cerca de uma hora, sempre estando de olho nele. Evoluiu muito, mesmo muito. De repente apresentava um aroma cheio de intensidade, com notas de especiaria, compotas, pão, capuccino, refrescante vegetal e muito mineral. Barrica muito bem integrada no conjunto aromático.
Boca de porte, muito equilibrada com taninos de muita classe mas ainda muito jovens. Nesta parte da prova, muitas sugestões compotadas e especiadas se colaram numa acidez fantástica. Terminou muito longo e cheio de sabor.
Grande, mas grande, vinho este, que tem de tudo. Intensidade, sabor, equilíbrio e uma margem de progressão enorme. São vinhos como este que puxam por nós. A não perder sobre qualquer pretexto. Para já, decante-o com alguma antecedência para poder apreciar-se totalmente.
Nota 18


Altas Quintas Mensagem de Aragonês 2005
Produtor - Altas Quintas
Região - Alentejo
Grau - 14,5% vol
Preço - Desde 22€
Esta é a novidade que este produtor reservou para nós. A Mensagem que os quer fazer passar é a de todos os anos, sempre que possível, mostrar a casta que melhor se deu durante o ano. Consideremos pois estes vinhos, como uma vertente didáctica.
Este ano o Mensagem é feito da casta Aragonês, que estagiou em barricas novas de carvalho francês.
Cor rubi de boa concentração.
Nariz de grande intensidade, onde as sugestões iniciam-se por notas muito minerais e balsâmicas, a que se juntam sugestões de fruto silvestre, algumas notas tostadas.
Muito bem na prova de boca, a mostrar-se um vinho com frescura, taninos dóceis, redondos mas bem presentes. Final muito gostoso e persistente com notas de fruto e de alguma tosta.
Uma mensagem muito bem transmitida, com o vinho a mostrar a dualidade da casta com o local de onde provêm. Interessante na sua vertente mineral e balsâmica que se associam a uma pureza de fruto. Belo vinho. Destes Mensagem, que venham mais.
Nota 17

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Quinta das Bajancas e Quinta do Soque apresentam novidades

Foi no passado dia 3 de Julho, no restaurante 100 maneiras, que teve lugar a apresentação de dois novos vinhos da Quinta das Bajancas e da Quinta do Soque, Trilho branco 2007 e Quinta do Soque Reserva 2005, respectivamente.
A apresentação contou com a presença dos produtores e da equipa de enologia, a 2PR (Duplo PR), comum a ambos os projectos.

A Quinta das Bajancas, pertença de António Alfredo Lamas, é um projecto Duriense que começou a ser delineado em 1993, quando por iniciativa própria, o proprietário decidiu partir na aventura de fazer vinho. Escolheram-se as castas a plantar, e em 1
994 iniciaram-se as plantações. Em 2004 tem lugar a primeira colheita, nesta Quinta, já com a consultoria da 2PR.
A Quinta das Bajancas possui hoje no seu portefólio três vinhos DOC Douro, um tinto e um branco de marca Bajancas e ainda mais um branco, de seu nome Trilho, que foi a
presentado nesta ocasião.


Trilho branco 2007
Produtor - António Alfredo Lamas
Região - Douro
Grau - 13,5% vol
Preço - Recomendado 15€
Feito a partir das castas Rabigato, Gouveio e C
ódega-de-Larinho, este vinho estagiou por 6 meses em barricas novas de carvalho francês.
Cor palha com reflexos esverdeados.
Aroma bem desenhado, fresco e muito intenso, com notas de fruta branca, ananás, sensação vegetal, alguns anisados e ligeira sensação tostada. A madeira esta muito bem trabalhada neste vinho.
Boca com um equilíbrio fantástico, onde não se faz notar a barrica em demasia, a presença de álcool é esquecida, e uma acidez perfeita assenta como uma luva num vinho que termina cheio de frescura, sabor e interessante sensação de secura.
Muito bem desenhado este branco. Madeira bem trabalhada a mostrar que se sabe o que está a fazer. Um vinho complexo, cheio de vida e frescura. A não perder este jovem, mas excelente, branco.
Nota 17




A Quinta do Soque situa-se na margem esquerda do Rio Torto, no Concelho de São João da Pesqueira.
A propriedade possui cerca de 20ha dos quais 17 são ocupados por vinha. A família Vicente, proprietária há mais de 20 anos, decidiu modernizar a Quinta, em 1990, com o intuito de produzir vinho de qualidade. Após um estudo exaustivo das condições edafo-climáticas, foram iniciadas as plantações das castas que se acharam com possibilidade de garantir melhores condições. Esta tarefa terminou em 1996 com a total plantação dos 17ha que hoje subsistem.
Na Quinta do Soque são produzidos vinhos DOC Douro, brancos e tintos, coma preciosa ajuda da equipa 2PR.


Quinta do Soque Reserva 2005
Produtor - António Carlos Vicente
Região - Douro
Grau - 14% vol
Preço - Recomendado 19€
Feito a partir das castas Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz, este vinho estagiou em barricas de carvalho francês.
Cor rubi, de boa concentração.
Aroma ligeiramente maduro, onde predominam notas de frutos pretos como a ameixa e a cereja preta que são acompanhadas por sugestões de especiarias, chocolate e algumas notas florais. A este conjunto ainda se juntam algumas notas tostadas.
Na boca existe intensidade, e uma certa bonança nos taninos, que se mostram redondos, dóceis. O vinho termina com sugestões tostadas.
Um vinho muito bem feito que não vira as costas a comida. No meu entender, está num ponto óptimo de consumo.
Nota 16


Como pequena nota, destaco a capacidade de conjugação destes vinhos com a comida, que foi elevada a um patamar superior, pela fantástica performance da equipa do 100 Maneiras, em Cascais.

domingo, 6 de julho de 2008

IWA apresentam novas colheitas




Os IWA (Independente Winegrowers Association), apresentaram, no passado dia 2 de julho de 2008, as suas novas colheitas à imprensa e a amigos.
Este evento teve lugar no Hotel Ritz Four Seasons, em Lisboa, e contou com a presença de representantes das várias revistas das especialidades, bloggers e amigos.

Com o Lema "União pela Força da Promoção" foi criada em Janeiro de 2004, a Independent Winegrowers Association.
A IWA é uma associação estratégica entre 6 produtores portugueses, de regiões distintas, que decidiram unir esforços com o intuito de assim poderem criar condições propicias à promoção de seus vinhos pelo estrangeiro. Fazem parte desta Associação, os produtores da Quinta do Ameal (Vinho Verde), Casa de Cello (Vinho Verde/Dão), Quinta dos Roques (Dão), Alves de Sousa (Douro), Luis Pato (Bairrada/Beiras) e Quinta de Covela (Minho).
Site dos IWA



Os vinhos:



Casa de Cello

A Casa de Cello é uma empresa familiar que se dedica à produção de vinho desde a década de 80. Composta pela Quinta da Vegia, no Dão, e pela Quinta de Sanjoanne, nos Verdes, esta empresa dedica-se de coração e alma à produção de vinhos de qualidade.
Embora não consiga esconder, pessoalmente, uma certa predilecção pelos fantásticos vinhos da Quinta da Vegia, têm sido os Sanjoanne a despertarem enorme atenção pela sua frescura, intensidade e fantástica acidez.


Espumante Sanjoanne Reserva Bruto 2002
Feito a partir das castas Arinto e Avesso.
Aromático, com muitas notas de casca de marisco, maçãs e ligeiras notas oxidativas.
Boca volumosa, cremosa. Bolha fina e muito persistente. Muito fresco e ainda com excelente acidez. Gosto muito deste espumante.

Quinta de Sanjoanne 2007
Feito de Avesso e Loureiro.
Muito aromático este vinho. Vegetal, muito fresco. Com alguma descida de temperatura são notas anisadas e de fruto de caroço que vêm ao nosso encontro.
Na boca todo ele é frescura a par de uma acidez bem presente.

Quinta de Sanjoanne Escolha 2004
Feito a partir das castas Avesso, Alvarinho e Chadonnay.
Denota uma leve sensação de oxidação, que contribui como uma mais valia ao conjunto. Notas vegetais, notas de fruto e alguns florais.
Boca cremosa mas cheia de frescura. Acidez perfeita a que se junta um final bem persistente. Muito bom.

Porta Fronha 2006
Feito a partir das Castas Tinta Roriz e Touriga Nacional.
Aroma jovem e repleto de notas de fruto maduro, ligeiros florais e alguma sensação especiada.
Boca igualmente jovem com tanino a mostrar-se. Fantástica relação Preço/Qualidade

Quinta da Vegia 2005
Fantástico no aroma, a mostrar bem os seus dotes florais, fruto maduro e enorme sensação de baga fresca esmagada.
Boca jovem e firme. Denota frescura mas mostra ainda muito tanino jovem mas gostoso.

Quinta da Vegia Reserva 2005
Conjunto aromático pleno de intensidade. Inicia-se com muitas notas florais, fruto maduro, especiarias e notas de barrica.
Ainda é um jovem na boca mas mostra toda a sua pujança graças aos taninos vigorosos. Termina com notas especiadas mas cheio de prazer. Ainda que tenha muito para vir a mostrar, é no meu entender um belíssimo vinho.


Alves de Sousa

Cedo mostrou que possuia matéria prima. Entregava, como a maioria, uva às grandes casas durienses, até que chegou a altura de colocar um ponto final nessa situação e arrancar com um projecto que só tinha condições para vencer. Nem tudo foram rosas mas penso que terá valido a pena. Alves de Sousa goza hoje de uma boa reputação, ganha a pulso, e hoje em dia com seu filho Tiago e o enólogo Anselmo Mendes atingiram um patamar de excelência.
Este produtor cria alguns dos vinhos mais emblemáticos e cobiçados em Portugal.

Branco da Gaivosa Reserva 2006
Feito a partir das castas Malvasia Fina, Arinto e Gouveio
Ainda se encontra algo marcado por notas da madeira onde estagiou. Ligeiras sugestões anisadas, vegetais e ligeira amendoa amarga.
Boca com boa dose de untuosidade, glicerinada com excelente persistência final. Belo branco

Alves de Sousa Reserva Pessoal Branco 2004
Castas tradicionais do Douro.
De inicio a sensação que me alertou foi a presença de notas de fosforo a que se seguiram notas de fruto cozido. Não me pareceu muito pesado mas sim um aroma original.
Na boca todo ele é volume, que até se parece colar nas paredes bucais, no entanto dei por mim a sentir alguma frescura no conjunto. Termina longuíssimo.
Como me disse o produtor, "este vinho, ou se adora ou se odeia". Concordo com essa afirmação mas aqui entre nós, eu ADORO.

Quinta da Gaivosa 2003
Feito a partir das castas tradicionais do Douro.
Aroma muito aguerrido, mineral, pejado de notas de fruto maduro e de notas de barrica.
Muito equilibrado na boca, cheio de intensidade e com taninos nobres. Belo vinho e um dos meus preferidos.

Alves de Sousa Vinha do Lordelo 2005
Feito a partir das castas tradicionais do Douro.
Aroma muito intenso, com notas de fruto maduro, especiarias e notas tostadas. É um vinho de excessos, no bom sentido.
Boca potente, vigorosa, com taninos firmes.


Luís Pato

O que dizer de um homem que revolucionou uma região por completo? Tudo começou em 1980, quando Luís Pato decidiu tomar as rédeas do negócio do vinho da família, e logo nesse ano faz um vinho muito especial, mesmo para a altura. Estava dado o mote para toda uma fantástica carreira que se seguiu até aos dias de hoje. Depois desse sucesso, surgem inovações como o uso de barricas e o uso de temperaturas controladas nas fermentações, que espelhavam o espírito pioneiro e inconformista deste produtor.
É hoje em dia um dos grandes Senhores do Vinho e um produtor com créditos firmados em Portugal e no Mundo. A ele devemos grandes vinhos, que há bem pouco tive a imensa felicidade de provar.


Luís Pato Maria Gomes 2007
No nariz mostra-se muito aromático, cheio de notas adocicadas e algum citrino.
Boca assertiva, com intensidade.
Um branco muito bem feito, com um propósito apenas, o de agradar.

Luís Pato Vinhas Velhas 2007
Feito a partir das castas Bical, Cerceal e Cercealinho.
Tem vindo a melhorar, e bem. Aroma da boa intensidade, com notas de anisadas, vegetais e algum tostado.
Boca com volume, fresco e repleto de intensidade e final persistente.
Continua a melhorar de dia para dia. Um vinho sério

Luís Pato Vinha Formal 2007
Feito a partir da casta Bical.
Aroma já a mostrar intensidade mas ainda algo jovem pois são as notas vegetais que comandam o conjunto. Mineral e algum fruto.
Na boca mostra uma frescura incessante, uma belíssima acidez e final longo.
Um dos "meus" brancos da Bairrada. Obrigatório.

Quinta do Ribeirinho Pé-Franco 2005
Feito a partir da casta Baga.
Já o tinha provado quando se formava, nas barricas. Na altura achei que estaria demasiado acessível e achei que se estaria a rumar num caminho paralelo aos anteriores. Mantenho a mesma opinião pois acho que está desde já bastante atraente ainda que jovem. O conjunto mostra fruto bem sensual e notas herbáceas que se aliam a notas de barricas. Certa elegância e equilíbrio num vinho ainda por lapidar.
Boca aristocrática e cheia de classe. Taninos bem presentes mas quase tímidos a não quererem interferir no conjunto. Final longo e cheio de intensidade.
Um Quinta do Ribeirinho que mostre já uma possibilidade de aproximação tão dócil pode ser novidade, no entanto o que não é novidade é que este é um grande vinho. Ainda precisa de "apurar" e complexar-se. Fantástico Sr Luís Pato. Pena realmente o preço



Quinta do Ameal

Este é um produtor com o qual ainda não tinha mantido um contacto sério uma vez que não tinha ainda provado nenhum dos seus vinhos. O que é certo é que foi o que mais me impressionou em toda esta prova. Talvez por conhecer todos os outros, que são grandes produtores, não esperasse grande surpresa na Quinta do Ameal mas a verdade é que fiquei rendido ao carácter dos seus vinhos. Encontrei vinhos de uma pureza e uma personalidade fantásticas.
Pedro Araújo é o homem do leme nesta aventura que neste momento se encontra a transitar para uma agricultura biológica.


Quinta do Ameal Loureiro 2007
Aromas muito exuberantes, com notas de hortelã, de relva molhada, ananás e algum pêssego.
Boca de bom volume com notas de fruto. Muito fresco e intenso novamente.
Fantástico este vinho, face ao preço pedido por ele. Um vinho de entrada de gama mas cheio de seriedade e vontade de agradar. A não perder.

Quinta do Ameal Escolha 2007
Feito a partir da casta Loureiro
Aroma cheio de intensidade onde o fruto encontra-se perfeitamente integrado num belo trabalho com a madeira. Ainda que sendo um vinho que estagiou em barricas, mostra-se cheio de frescura, cheio de intensidade e absolutamente vibrante.
Boca de uma intensidade incontrolável. Acidez perfeita num vinho complexo e profundo. Um final longo e puro tornam este vinho num caso sério.
Aconselho vivamente todos a experimentarem, e mesmo guardarem, este delicioso vinho. Para mim do melhor que já provei nesta Região.

Quinta do Ameal Loureiro 2001
Uma absoluta surpresa. Aromas rico e complexo, cheio de notas petroladas, notas de azeite e notas de mel. A fruta mantém-se ainda presente e cheia de vida.
Na boca um vinho sensacional graças a uma acidez bem viva que em quase nada desvaneceu com o tempo. Fresco e calibrado, este vinho mostra a capacidade de envelhecimento de um Loureiro.
Absolutamente fantástico. pena é que já não se consiga encontrar, pelo menos com facilidade.

Nota: este produtor ainda apresentou duas novidades que poderão em breve estar no mercado. Primeiro um espumante de 2002, que se mostrou bem sério, encorpado, mas pleno de intensidade e sabor, segundo, um vinho de sobremesa que pura e simplesmente arrebatou a maioria dos presentes. Muito exuberante e exótico, equilibrou na perfeição a acidez e o açúcar. Dois vinhos de belo efeito que me vão fazer esperar pela sua saída para o mercado.




Quinta de Covela

É para mim muito grato estar a falar desta Quinta, uma vez que tive o enorme prazer de visitar e de confraternizar de bem perto com o proprietário e mentor, Nuno Araújo.
Foi dos episódios mais gratificantes que tive nesta minha curta vida vínica. É que quer quer que seja, não conseguirá ficar indiferente ao que se passa nesta lindíssima quinta e ao orador Nuno Araújo.
A Quinta de Covela situa-se encostada ao limite exterior da Região Demarcada do Douro, sendo que por isso ostenta em seus vinhos a designação de Regional Minho.
Ao chegar ao local ficamos siderados por um magnifico anfiteatro, onde se encontra todo um clima de frescura, de limpeza e de vida. A Quinta de Covela está certificada em Agricultura Biológica e Biodinâmica e como tal é um deleita ver a vinha cheia de vida a seu lado. Nada existe ao acaso e tudo tem o seu propósito num ecossistema vivo.


Quinta de Covela Escolha branco 2006
Feito a partir das castas Avesso, Chardonnay e Gewurztraminer.
Aroma repleto de notas anisadas, sugestão de rosas e algum fruto tropical.
Boca de bom volume, muito fresca e com excelente acidez.
É um daqueles brancos que é fácil se gostar. Mas não pensem que encontrarão um vinho directo e fácil, pois estamos perante um vinho bem sério que tem muito para nos mostrar.

Quinta de Covela Colheita Seleccionada branco 2005
Feito a partir das castas Avesso e Chardonnay.
Curiosamente jovem para um branco de 2005. O tempo não beliscou em nada a sua juventude. Mostra-se bem mineral, frutado e com notas tostadas.
Boca em pleno equilíbrio onde se integram na perfeição algumas notas de barrica. Final bem longo.
Está de perfeita saúde e recomenda-se, este vinho.



Quinta do Roques

Apesar de já há mais de um século se produzir vinho na Quinta dos Roques, foi na década de 80 que se sentiu uma obrigação de se iniciar um projecto mais sério tendo em vista a produção de vinho ao mais alto nível.
A verdade é que essa intenção passou a ser uma realidade e a Quinta dos Roques e Quinta das Maias fazem parte de um projecto de reconhecida qualidade no Dão.
Hoje em dia é inegavelmente um dos mais prestigiados produtores do Dão e de Portugal, muito graças ao espírito jovem e combativo de Luís Lourenço que conduz os destinos das Quintas.


Quinta dos Roques Encruzado 2007
É sempre uma felicidade quando provo este vinho, ou não fosse um dos meus encruzados preferidos. Apesar de o preferir quando tem mais algum tempo em garrafa, para que integre bem a madeira, este 2007 tem sido para mim uma surpresa exactamente pelo perfeito equilíbrio que a madeira já tem neste conjunto.
Muito mineral e fresco, este vinho apareceu algo tímido mas não tardou a mostrar as habituais notas anisadas, notas vegetais e de limão.
Boca com excelente acidez e frescura num final longo e cheio de intensidade.
O que dizer? É um grande Encruzado e no meu entender um grande vinho.

Quinta dos Roques Malvasia-Fina 2007
Acheio-o para já muito tímido, pouco aromático mesmo. Do pouco que consegui sentir, foram algumas notas de pêra que se aliavam a uma frescura intensa.
Boca com bela acidez e ligeiras notas adocicadas.
Prognóstico reservado para já.

Quinta dos Roques Touriga Nacional 2005
Complexo e rico nos aromas. Muito jovem no aroma, com notas florais e vegetais que se associam a um fruto maduro de qualidade.
Boca muito aguerrida, jovem e com taninos rebeldes.
Ainda não está no seu tempo mas dá para ver grandeza neste vinho.

Quinta das Maias Jaen 2006
Um vinho algo contrário aos restantes vinhos da mesma casta que se encontram espalhados pelo Dão. Este vinho mostrou-se cheio de nervo, aguerrido e contido.
Na boca muito jovem e com taninos algo rebeldes a precisarem de tempo para acalmar.

Flor das Maias 2005
Feito a partir das castas Touriga Nacional, Jaen e Alfrocheiro.
Aromas florais, muito fruto maduro e algumas notas mentoladas e umas excelentemente integradas notas de barrica.
Boca cheia de jovialidade mas com uma curiosa sensação refrescante. Final longo e intenso.
Provavelmente o vinho que mais me cativou em toda a prova e uma certeza de que estamos perante um grande vinho. Aguardo ansiosamente.



Terminada a sessão de provas, iniciamos uma refeição que foi magnificamente conduzida e elaborada pelo Hotel Ritz. Não estava à espera de nada e afinal recebi uma refeição fantástica em termos de pratos.

Os meus sinceros agradecimentos aos IWA pelo convite que me fizeram. Deixo aqui os meus votos de sucesso dentro e fora de portas e que mantenham-se sempre no sentido de levar os nossos vinhos a todos os cantos do Mundo. Bem Hajam

terça-feira, 1 de julho de 2008

Quatro Âncoras - Guarda Rios

Penso que seja o projecto vínico mais badalado do momento. Não há garrafeira ou Restaurante onde eu vá, que não me perguntem se já conheço os vinhos de Vale D'Algares ou se já visitei a magnifica adega deste produtor. Na realidade tem sido difícil conseguir uma visita à adega mas os vinhos já estão provados.

Vale D'Algares é um projecto completamente novo, mas um projecto com visão.
Um projecto destes no Ribatejo? Esta será a pergunta de muitos, mas para quem conhece bem a região, sabe que a mesma pode dar belos vinhos. Aliás, no meu entender já os dá. Existe boa matéria prima e só faltam mesmo mais alguns projectos de excelência para começar a puxar pela região.
Vale D'Algares integra um projecto sem par na Região e quiçá no resto do nosso país. Este projecto nasce de um enorme, mas criterioso, investimento numa adega e nas vinhas de Vale D'Algares e Quinta da Faia. Contempla ainda a vertente de enoturismo e Turismo Equestre.
U
m projecto a seguir de perto em www.valedalgares.com.

Os vinhos Guarda Rios, que agora comento, são a entrada de gama do produtor, que colocam sobre a marca Vale D'Algares os seus vinhos mais emblemáticos.


Guarda Rios 2006
Produtor - Quatro Âncoras
Região - Ribatejo
Grau - 14% vol
Preço - A partir de 11€
Feito a partir das castas Syrah (50%), Touriga Nacional (20%), Aragonês (15%) e Merlot (15%), este vinho alvo de fermentação e estágio em barricas novas de carvalho francês por 9 meses sendo que após 6 meses de estagio em garrafa, foi lançado no mercado.
Cor rubi de boa concentração.
Aroma muito intenso a mostras notas de frutos preto (cassis e amoras) brotam de imediato do copo. Seguem-se notas florais e especiadas que se complementam com notas de tosta e de baunilha. Um conjunto aromático de belo efeito.
Na boca, um vinho equilibrado, com taninos redondos e gostosos. Uma boa acidez e um final de boa intensidade com sugestões de caramelo e chocolate.
Uma bela surpresa este vinho. Muito bem no aroma, muito cativante e bem equilibrado na boca. Recomendo vivamente.
Nota 16


Guarda Rios Branco 2006
Produtor - Quatro Âncoras
Região - Ribatejo
Grau - 13,5% vol
Preço - A partir de 9€

Feito a partir das castas Chardonnay (34%), Sauvignon Blanc (26%), Fernão Pires (24%) e Alvarinho (16%) este branco fez a fermentação em inox, com 30% em barricas de carvalho francês com batonnage durante 3 meses. 25% do total da Chardonnay fermentou parcialmente em barricas novas de carvalho francês.
Cor palha com reflexos esverdeados.
Aroma algo tímido de inicio. Com algum tempo mostrou notas de fruto de caroço e notas vegetais que se associam a notas tostadas. Alguma percepção mineral embeleza o conjunto.
Boca com belo volume e intensidade coadjuvada com uma boa acidez e final persistente com notas tostadas.
Um branco que penso ainda não ter mostrado tudo o que pode mostrar. Não deixando ainda assim de ser um bom branco.
Nota 15,5


Guarda Rios Rosé 2006
Produtor - Quatro Âncoras
Região - Ribatejo
Grau - 13,5% vol
Preço - A partir de 9€
Feito a partir das castas Aragonês (80%), Syrah (10%) e Touriga Nacional (10%), este vinho fermentou e estagiou em inox apenas.
Cor vermelha brilhante.
Aroma de boa intensidade com notas de framboesas e morangos. Leve sensação adocicada.
Boca indiciando frescura e leveza apesar de um final com notas adocicadas novamente.
Um rosé de baixo teor alcoólico a garantir frescura ao conjunto. Não sendo ao meu gosto pessoal, a sensação adocicada, por certo terá os seus seguidores.
Nota 14,5

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