IWA apresentam novas colheitas
Os IWA (Independente Winegrowers Association), apresentaram, no passado dia 2 de julho de 2008, as suas novas colheitas à imprensa e a amigos.
Este evento teve lugar no Hotel Ritz Four Seasons, em Lisboa, e contou com a presença de representantes das várias revistas das especialidades, bloggers e amigos.
Com o Lema "União pela Força da Promoção" foi criada em Janeiro de 2004, a Independent Winegrowers Association.
A IWA é uma associação estratégica entre 6 produtores portugueses, de regiões distintas, que decidiram unir esforços com o intuito de assim poderem criar condições propicias à promoção de seus vinhos pelo estrangeiro. Fazem parte desta Associação, os produtores da Quinta do Ameal (Vinho Verde), Casa de Cello (Vinho Verde/Dão), Quinta dos Roques (Dão), Alves de Sousa (Douro), Luis Pato (Bairrada/Beiras) e Quinta de Covela (Minho).
Site dos IWAOs vinhos:
Casa de Cello
A Casa de Cello é uma empresa familiar que se dedica à produção de vinho desde a década de 80. Composta pela Quinta da Vegia, no Dão, e pela Quinta de Sanjoanne, nos Verdes, esta empresa dedica-se de coração e alma à produção de vinhos de qualidade.
Embora não consiga esconder, pessoalmente, uma certa predilecção pelos fantásticos vinhos da Quinta da Vegia, têm sido os Sanjoanne a despertarem enorme atenção pela sua frescura, intensidade e fantástica acidez.
Espumante Sanjoanne Reserva Bruto 2002
Feito a partir das castas Arinto e Avesso.
Aromático, com muitas notas de casca de marisco, maçãs e ligeiras notas oxidativas.
Boca volumosa, cremosa. Bolha fina e muito persistente. Muito fresco e ainda com excelente acidez. Gosto muito deste espumante.
Quinta de Sanjoanne 2007
Feito de Avesso e Loureiro.
Muito aromático este vinho. Vegetal, muito fresco. Com alguma descida de temperatura são notas anisadas e de fruto de caroço que vêm ao nosso encontro.
Na boca todo ele é frescura a par de uma acidez bem presente.
Quinta de Sanjoanne Escolha 2004
Feito a partir das castas Avesso, Alvarinho e Chadonnay.
Denota uma leve sensação de oxidação, que contribui como uma mais valia ao conjunto. Notas vegetais, notas de fruto e alguns florais.
Boca cremosa mas cheia de frescura. Acidez perfeita a que se junta um final bem persistente. Muito bom.
Porta Fronha 2006
Feito a partir das Castas Tinta Roriz e Touriga Nacional.
Aroma jovem e repleto de notas de fruto maduro, ligeiros florais e alguma sensação especiada.
Boca igualmente jovem com tanino a mostrar-se. Fantástica relação Preço/Qualidade
Quinta da Vegia 2005
Fantástico no aroma, a mostrar bem os seus dotes florais, fruto maduro e enorme sensação de baga fresca esmagada.
Boca jovem e firme. Denota frescura mas mostra ainda muito tanino jovem mas gostoso.
Quinta da Vegia Reserva 2005
Conjunto aromático pleno de intensidade. Inicia-se com muitas notas florais, fruto maduro, especiarias e notas de barrica.
Ainda é um jovem na boca mas mostra toda a sua pujança graças aos taninos vigorosos. Termina com notas especiadas mas cheio de prazer. Ainda que tenha muito para vir a mostrar, é no meu entender um belíssimo vinho.
Alves de Sousa
Cedo mostrou que possuia matéria prima. Entregava, como a maioria, uva às grandes casas durienses, até que chegou a altura de colocar um ponto final nessa situação e arrancar com um projecto que só tinha condições para vencer. Nem tudo foram rosas mas penso que terá valido a pena. Alves de Sousa goza hoje de uma boa reputação, ganha a pulso, e hoje em dia com seu filho Tiago e o enólogo Anselmo Mendes atingiram um patamar de excelência.
Este produtor cria alguns dos vinhos mais emblemáticos e cobiçados em Portugal.
Branco da Gaivosa Reserva 2006
Feito a partir das castas Malvasia Fina, Arinto e Gouveio
Ainda se encontra algo marcado por notas da madeira onde estagiou. Ligeiras sugestões anisadas, vegetais e ligeira amendoa amarga.
Boca com boa dose de untuosidade, glicerinada com excelente persistência final. Belo branco
Alves de Sousa Reserva Pessoal Branco 2004
Castas tradicionais do Douro.
De inicio a sensação que me alertou foi a presença de notas de fosforo a que se seguiram notas de fruto cozido. Não me pareceu muito pesado mas sim um aroma original.
Na boca todo ele é volume, que até se parece colar nas paredes bucais, no entanto dei por mim a sentir alguma frescura no conjunto. Termina longuíssimo.
Como me disse o produtor, "este vinho, ou se adora ou se odeia". Concordo com essa afirmação mas aqui entre nós, eu ADORO.
Quinta da Gaivosa 2003
Feito a partir das castas tradicionais do Douro.
Aroma muito aguerrido, mineral, pejado de notas de fruto maduro e de notas de barrica.
Muito equilibrado na boca, cheio de intensidade e com taninos nobres. Belo vinho e um dos meus preferidos.
Alves de Sousa Vinha do Lordelo 2005
Feito a partir das castas tradicionais do Douro.
Aroma muito intenso, com notas de fruto maduro, especiarias e notas tostadas. É um vinho de excessos, no bom sentido.
Boca potente, vigorosa, com taninos firmes.
Luís Pato
O que dizer de um homem que revolucionou uma região por completo? Tudo começou em 1980, quando Luís Pato decidiu tomar as rédeas do negócio do vinho da família, e logo nesse ano faz um vinho muito especial, mesmo para a altura. Estava dado o mote para toda uma fantástica carreira que se seguiu até aos dias de hoje. Depois desse sucesso, surgem inovações como o uso de barricas e o uso de temperaturas controladas nas fermentações, que espelhavam o espírito pioneiro e inconformista deste produtor.
É hoje em dia um dos grandes Senhores do Vinho e um produtor com créditos firmados em Portugal e no Mundo. A ele devemos grandes vinhos, que há bem pouco tive a imensa felicidade de provar.
Luís Pato Maria Gomes 2007
No nariz mostra-se muito aromático, cheio de notas adocicadas e algum citrino.
Boca assertiva, com intensidade.
Um branco muito bem feito, com um propósito apenas, o de agradar.
Luís Pato Vinhas Velhas 2007
Feito a partir das castas Bical, Cerceal e Cercealinho.
Tem vindo a melhorar, e bem. Aroma da boa intensidade, com notas de anisadas, vegetais e algum tostado.
Boca com volume, fresco e repleto de intensidade e final persistente.
Continua a melhorar de dia para dia. Um vinho sério
Luís Pato Vinha Formal 2007
Feito a partir da casta Bical.
Aroma já a mostrar intensidade mas ainda algo jovem pois são as notas vegetais que comandam o conjunto. Mineral e algum fruto.
Na boca mostra uma frescura incessante, uma belíssima acidez e final longo.
Um dos "meus" brancos da Bairrada. Obrigatório.
Quinta do Ribeirinho Pé-Franco 2005
Feito a partir da casta Baga.
Já o tinha provado quando se formava, nas barricas. Na altura achei que estaria demasiado acessível e achei que se estaria a rumar num caminho paralelo aos anteriores. Mantenho a mesma opinião pois acho que está desde já bastante atraente ainda que jovem. O conjunto mostra fruto bem sensual e notas herbáceas que se aliam a notas de barricas. Certa elegância e equilíbrio num vinho ainda por lapidar.
Boca aristocrática e cheia de classe. Taninos bem presentes mas quase tímidos a não quererem interferir no conjunto. Final longo e cheio de intensidade.
Um Quinta do Ribeirinho que mostre já uma possibilidade de aproximação tão dócil pode ser novidade, no entanto o que não é novidade é que este é um grande vinho. Ainda precisa de "apurar" e complexar-se. Fantástico Sr Luís Pato. Pena realmente o preço
Quinta do Ameal
Este é um produtor com o qual ainda não tinha mantido um contacto sério uma vez que não tinha ainda provado nenhum dos seus vinhos. O que é certo é que foi o que mais me impressionou em toda esta prova. Talvez por conhecer todos os outros, que são grandes produtores, não esperasse grande surpresa na Quinta do Ameal mas a verdade é que fiquei rendido ao carácter dos seus vinhos. Encontrei vinhos de uma pureza e uma personalidade fantásticas.
Pedro Araújo é o homem do leme nesta aventura que neste momento se encontra a transitar para uma agricultura biológica.
Quinta do Ameal Loureiro 2007
Aromas muito exuberantes, com notas de hortelã, de relva molhada, ananás e algum pêssego.
Boca de bom volume com notas de fruto. Muito fresco e intenso novamente.
Fantástico este vinho, face ao preço pedido por ele. Um vinho de entrada de gama mas cheio de seriedade e vontade de agradar. A não perder.
Quinta do Ameal Escolha 2007
Feito a partir da casta Loureiro
Aroma cheio de intensidade onde o fruto encontra-se perfeitamente integrado num belo trabalho com a madeira. Ainda que sendo um vinho que estagiou em barricas, mostra-se cheio de frescura, cheio de intensidade e absolutamente vibrante.
Boca de uma intensidade incontrolável. Acidez perfeita num vinho complexo e profundo. Um final longo e puro tornam este vinho num caso sério.
Aconselho vivamente todos a experimentarem, e mesmo guardarem, este delicioso vinho. Para mim do melhor que já provei nesta Região.
Quinta do Ameal Loureiro 2001
Uma absoluta surpresa. Aromas rico e complexo, cheio de notas petroladas, notas de azeite e notas de mel. A fruta mantém-se ainda presente e cheia de vida.
Na boca um vinho sensacional graças a uma acidez bem viva que em quase nada desvaneceu com o tempo. Fresco e calibrado, este vinho mostra a capacidade de envelhecimento de um Loureiro.
Absolutamente fantástico. pena é que já não se consiga encontrar, pelo menos com facilidade.
Nota: este produtor ainda apresentou duas novidades que poderão em breve estar no mercado. Primeiro um espumante de 2002, que se mostrou bem sério, encorpado, mas pleno de intensidade e sabor, segundo, um vinho de sobremesa que pura e simplesmente arrebatou a maioria dos presentes. Muito exuberante e exótico, equilibrou na perfeição a acidez e o açúcar. Dois vinhos de belo efeito que me vão fazer esperar pela sua saída para o mercado.
Quinta de Covela
É para mim muito grato estar a falar desta Quinta, uma vez que tive o enorme prazer de visitar e de confraternizar de bem perto com o proprietário e mentor, Nuno Araújo.
Foi dos episódios mais gratificantes que tive nesta minha curta vida vínica. É que quer quer que seja, não conseguirá ficar indiferente ao que se passa nesta lindíssima quinta e ao orador Nuno Araújo.
A Quinta de Covela situa-se encostada ao limite exterior da Região Demarcada do Douro, sendo que por isso ostenta em seus vinhos a designação de Regional Minho.
Ao chegar ao local ficamos siderados por um magnifico anfiteatro, onde se encontra todo um clima de frescura, de limpeza e de vida. A Quinta de Covela está certificada em Agricultura Biológica e Biodinâmica e como tal é um deleita ver a vinha cheia de vida a seu lado. Nada existe ao acaso e tudo tem o seu propósito num ecossistema vivo.
Quinta de Covela Escolha branco 2006
Feito a partir das castas Avesso, Chardonnay e Gewurztraminer.
Aroma repleto de notas anisadas, sugestão de rosas e algum fruto tropical.
Boca de bom volume, muito fresca e com excelente acidez.
É um daqueles brancos que é fácil se gostar. Mas não pensem que encontrarão um vinho directo e fácil, pois estamos perante um vinho bem sério que tem muito para nos mostrar.
Quinta de Covela Colheita Seleccionada branco 2005
Feito a partir das castas Avesso e Chardonnay.
Curiosamente jovem para um branco de 2005. O tempo não beliscou em nada a sua juventude. Mostra-se bem mineral, frutado e com notas tostadas.
Boca em pleno equilíbrio onde se integram na perfeição algumas notas de barrica. Final bem longo.
Está de perfeita saúde e recomenda-se, este vinho.
Quinta do Roques
Apesar de já há mais de um século se produzir vinho na Quinta dos Roques, foi na década de 80 que se sentiu uma obrigação de se iniciar um projecto mais sério tendo em vista a produção de vinho ao mais alto nível.
A verdade é que essa intenção passou a ser uma realidade e a Quinta dos Roques e Quinta das Maias fazem parte de um projecto de reconhecida qualidade no Dão.
Hoje em dia é inegavelmente um dos mais prestigiados produtores do Dão e de Portugal, muito graças ao espírito jovem e combativo de Luís Lourenço que conduz os destinos das Quintas.
Quinta dos Roques Encruzado 2007
É sempre uma felicidade quando provo este vinho, ou não fosse um dos meus encruzados preferidos. Apesar de o preferir quando tem mais algum tempo em garrafa, para que integre bem a madeira, este 2007 tem sido para mim uma surpresa exactamente pelo perfeito equilíbrio que a madeira já tem neste conjunto.
Muito mineral e fresco, este vinho apareceu algo tímido mas não tardou a mostrar as habituais notas anisadas, notas vegetais e de limão.
Boca com excelente acidez e frescura num final longo e cheio de intensidade.
O que dizer? É um grande Encruzado e no meu entender um grande vinho.
Quinta dos Roques Malvasia-Fina 2007
Acheio-o para já muito tímido, pouco aromático mesmo. Do pouco que consegui sentir, foram algumas notas de pêra que se aliavam a uma frescura intensa.
Boca com bela acidez e ligeiras notas adocicadas.
Prognóstico reservado para já.
Quinta dos Roques Touriga Nacional 2005
Complexo e rico nos aromas. Muito jovem no aroma, com notas florais e vegetais que se associam a um fruto maduro de qualidade.
Boca muito aguerrida, jovem e com taninos rebeldes.
Ainda não está no seu tempo mas dá para ver grandeza neste vinho.
Quinta das Maias Jaen 2006
Um vinho algo contrário aos restantes vinhos da mesma casta que se encontram espalhados pelo Dão. Este vinho mostrou-se cheio de nervo, aguerrido e contido.
Na boca muito jovem e com taninos algo rebeldes a precisarem de tempo para acalmar.
Flor das Maias 2005
Feito a partir das castas Touriga Nacional, Jaen e Alfrocheiro.
Aromas florais, muito fruto maduro e algumas notas mentoladas e umas excelentemente integradas notas de barrica.
Boca cheia de jovialidade mas com uma curiosa sensação refrescante. Final longo e intenso.
Provavelmente o vinho que mais me cativou em toda a prova e uma certeza de que estamos perante um grande vinho. Aguardo ansiosamente.
Terminada a sessão de provas, iniciamos uma refeição que foi magnificamente conduzida e elaborada pelo Hotel Ritz. Não estava à espera de nada e afinal recebi uma refeição fantástica em termos de pratos.
Os meus sinceros agradecimentos aos IWA pelo convite que me fizeram. Deixo aqui os meus votos de sucesso dentro e fora de portas e que mantenham-se sempre no sentido de levar os nossos vinhos a todos os cantos do Mundo. Bem Hajam
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