sábado, 1 de agosto de 2009

Volta a Portugal em 3 dias - Parte 1

Não, não se trata da conhecida volta a Portugal em Bicicleta. Tratou-se sim, de uma viagem com principal tema, os vinhos Portugueses. Conseguimos em 3 dias visitar quase todas as regiões vitivinícolas Portuguesas e provar os vinhos destas. A comitiva era internacional, composta por 3 Portugueses, 2 Ingleses (Tamlyn Currin e Richard Siddle, da Jancis Robinson Team e Harper's Magazine, respectivamente) e 1 Brasileiro (Guilherme Rodrigues da Revista Gosto). Foi uma experiência alucinante, frenética e divertida. Para mim ainda teve uma dose mais de stress, uma vez que fui quem estruturou e organizou o programa das visitas e tinha de andar sempre preocupado com os horários. No entanto, acabou por ser uma experiência divertida, cheia de humor, de ocasionais gargalhadas (ahhh grande humor britânico) e obviamente de cansaço à mistura.
A ideia foi de mostrar um pouco do melhor que se faz por Portugal. Obviamente que tantos produtores teríamos de visitar, tantos vinhos teríamos de provar, para que a amostra do que de melhor se faz por cá, fosse completa. Missão impossível em apenas 3 dias.
Ainda antes de iniciarr-mos o periplo, foi-me perguntado, pelos Ingleses, o que eu esperava deles nesta visita. Eu respondi apenas, que se divirtam, que abram a mente e recebam os nossos vinhos. Não quis reportagens, não quis notas de prova, apesar de saber que afinal e-lhes impossivel não o fazer, apenas que se divertissem com os nossos vinhos, com as nossas paisagens. É assim que deve ser o vinho, um motivo de alegria, de bem estar. Foi mesmo assim que passamos todos estes dias. Cansados mas alegres e felizes.

Começámos no dia 27 de Julho, pelo Norte, mais propriamente pelo Douro. Saídos pelo final da tarde, a nosso destino, e único neste dia, seria a Quinta do Crasto. Atraso para aqui e para ali, acabámos por chegar à Quinta, já perto das 23h. Coitados dos anfitriões, que esperavam por nós. Infelizmente as viagens em grupo têm destas coisas, quase incontroláveis. No entanto lá estavam o Pedro Almeida e o Tomás Roquette, à nossa espera, com um sorriso para nos receber. A noite estava óptima, calorosa e amena, o breu já espalhado totalmente, circundava o Crasto e não permitia vislumbrar aquela vista maravilhosa. Os escassos reflexos do Rio Douro e a sombras da habituação da nossa vista ao escuro só permitiam ver os contornos das curvas do Douro. Melancólico mas ao mesmo tempo uma sensação de algo imponente, pela nossa frente.
A visita começou com uma prova, nocturna, das ultimas colheitas. Provaram-se os vinhos que estão no mercado e os que se aprestam a sair em breve. Crasto 2008, Crasto Vinhas Velhas 2007, Maria Teresa 2007, Vinha da Ponte 2007, Crasto LBV 2005 e Crasto Vintage 2007.
Foi uma bela maneira de começar, por uma casa onde tudo o que se faz, faz-se muito bem. Voltei a provar os vinhos de 2007 (escrevi há pouco tempo aqui) e mantenho a minha percepção da altura. No entanto, ao voltar a provar o Quinta do Crasto Vinhas Velhas 2007 reparei que já estava menos floral, apresentando já alguns vestígios das notas de café, que tanto o caracterizam. Impressionante a maneira como os vinhos evoluem, são realmente algo vivo.
Dos que não tinha provado, destaque para o Crasto 2008, que está em forma. Apresentava um aroma sedutor de frutos maduros, mirtilhos, laranja e prestações florais. Redondo, saboroso, com taninos macios. Pelo preço, e pela quantidade é caso para dizer, "Melhor é Impossível".
Nos Portos, o Vintage 2007 surpreendia. Um Vintage com um aroma maduro, de passas, de ameixas pretas, com notas florais. Fresco. Depois uma boa concentração, taninos muito presentes mas saborosos e um final bem seco. Muito bem, belo Vintage
Por fim o LBV 2005, num registo diferente, com um perfil aromático também ele maduro, redondo mas cheio de sabor e intensidade. Um vinho bem guloso que está pronto para ser "devorado".
Acabava a prova e era servido o jantar tardio, qual ceia, com uma volta por colheitas antigas, em garrafas magnum. Voltei a provar o Touriga Nacional 2005, que se mostrou novamente mágico. Uma das excepções que me levam a pensar na Touriga a "solo". Veio o Maria Teresa 2005, que acaba sempre por arrebatar os presentes, eu incluido. É a "Claudia Schiffer" dos vinhos portugueses. Passámos pelo grande Vinha da Ponte 2004 e terminámos com o fabuloso Colheita de 1970. Terminámos pelas 3 da manhã, mas ainda havia vida, ainda havia vontade de ficar mais um pouco de volta dos vinhos e dos anfitriões. Belíssima noite.

1 comentários:

NOG segunda-feira, agosto 03, 2009 11:34:00 da manhã  

Meu caro,

Foi efectivamente, uma noite frenética... o Vinha da Ponte 2007 fantástico!!!

Ab.

NOG

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