segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O carismático Petrvs

Não é nada fácil ter um vinho destes, que por pura sorte cacei, na garrafeira e não sentir-se tentado a abrir a única e preciosa garrafa que lá mora. A pressão é diária, abre-se todos os dias a cave climatizada, coloca-se a mão em cima e diz-se para dentro, é hoje, para logo de seguida vir o bom senso que nos diz, espera, guarda-a mais um pouco. Foram assim os meus dias durante duas semanas, o tempo que consegui resistir à tentação imediata. Para isso também contribuiu um bom amigo, que não parava de dizer, traz isso pá.


E assim lá foi o dia de "São Petrvs". Éramos seis amigos para o desvendar, seis almas ansiosas por sentir a transformação . Poder-se-à afirmar que isto são só manias à volta de um vinho, que nem merece o preço que dão por ele, mas, todos aqueles que gostam de vinho, que conhecem um pouco de vinho, gostariam de um dia provar um destes monstros sagrados. Eu afirmo, sem qualquer demagogia, que faço parte daqueles que procuram o "Santo Graal".

A colheita era de 96, um dos grandes anos no Médoc, mas nada mau em Pomerol. Os mais conceituados críticos internacionais, afirmam que apesar de não se tratar de um clássico, a esses nunca chegarei, é daqueles que perdurará por muitos e muitos anos. Robert Parker chamou-lhe de Mamute. Infelizmente lá tive de o "matar" ainda muito jovem, mas sem qualquer arrependimento. O vinho estava soberbo. Amor à primeira vista e à primeira cheiradela. Complexo, bruto e profundo. Confesso que esperava algo mais exótico, mas não, nada disso, este vinho é precisão e nervo. Fechado de início, desenvolveu mais tarde aromas de terra, sugestões minerais, de flores e de ervas aromáticas. Na boca "caiu o Carmo e a Trindade." Poderosíssimo, muito jovem, os taninos são impressionantes, absolutamente impressionantes, firmes mas muito fineza e precisão incríveis. Estava mesmo muito bom este vinho, e a julgar pelo que bebi, parece que só agora começa a dar os seus primeiros passos.

Não bebemos o vinho todo e guardámos um pouco para ver a evolução no dia seguinte. Maldita hora o fizemos. O vinho estava muito mau, oxidado, desconjuntado, nem parecia a madrinha. Um aviso à navegação, não deixem para amanhã, o que podem fazer hoje. Lição aprendida.



1 comentários:

Anónimo quarta-feira, fevereiro 10, 2010 12:26:00 da tarde  

por mera curiosidade

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