quinta-feira, 1 de abril de 2010

Douro Family Estates (DFE)


Foi no passado dia 24 de Março, no Gemelli, que foi feita a apresentação dos Vinhos dos Douro Family Estates (DFE).
A DFE é uma empresa, inovadora, composta por 4 sócios, podemos dizer, por 4 produtores; Brites Aguiar, Quinta do Soque, Quinta das Bajancas e Quinta dos Poços. A razão desta união, parece-me óbvia. Ou seja, os produtores juntaram-se, criaram uma marca de vinhos e, juntos, comercializam os vinhos nos mercados de exportação.
O que é interessante é que estes produtores uniram-se, como poucos infelizmente fazem em Portugal, criaram uma marca, criaram os vinhos e conjuntamente comercializam os vinhos DFE.

Todo o trabalho de enologia está a cargo da 2PR (Duplo PR), que é composta por António Rosas e Pedro Sequeira, que também são a equipa que toma conta dos vinhos de cada um dos produtores envolvidos, individualmente.

Portanto, boas notícias e um grupo que se espera traga valor e sucesso nos mercados onde se propõe penetrar.

Quanto aos vinhos, foram apresentados 4 vinhos, 1 branco e 3 tintos, divididos por 3 nomenclaturas estratégicas de gama/preço. A gama Classic, Premium e Signature.
Gostei do perfil dos vinhos, curiosamente todos muito elegantes, muito bem feitos é certo, mas muito elegantes. Não era bem o que estava à espera de encontrar.


DFE Classic branco 2008
Produtor - Douro Family Estates
Região - Douro
Grau - 12% vol
Preço - 7,5€
Os vinhos que compõem este lote, foram feitos a partir das castas tradicionais do Douro, fermentados em inox, sendo depois estagiados por cerca de 6 meses em barricas de carvalho francês.
Bonita côr palha. Aroma muito limpo e definido, com notas de fruto, citrinos e algum vegetal. Conjunto cheio de frescura.
A boca está muito bem, com algum volume dado, pelo estágio em barrica, que está muito integrada, quase imperceptível. Excelente acidez e consequente frescura, tornam este conjunto extremamente apelativo para os meses vindouros. Muito bem feito.
Nota 15,5




DFE Classic 2006
Produtor - Douro Family Estates
Região - Douro
Grau - 13,5% vol
Preço - 4,5€
Este vinho, da colheita de 2006, fermentou e estagiou em inox. foi talvez o vinho que menos me cativou, talvez fruto de uma colheita difícil, ainda assim, pelo preço que se pede por ele, não se dá tudo como perdido. Ligeiro nos aromas, a frutos silvestres, alguma esteva e caramelo.
Na boca dei por mim distraído com algum amargor no final de boca. Mediano no corpo e no final, mostra-se também ligeiro de corpo. Um vinho barato, que penso que irá melhorar em colheitas mais frescas.
Nota 14



DFE Premium 2007
Produtor - Douro Family Estates
Região - Douro
Grau - 14,5% vol
Preço - 11,5€
Feito a partir das castas tradicionais do Douro, este vinho teve estágio em barricas.
Mostra-se uma bonita côr ruby de boa concentração.
É talvez o conjunto mais fresco dos tintos apresentados. Muito mais intenso que o vinho anterior, mostra notas de fruto silvestre e fruto vermelho. A barrica está bem integrada, com ligeiras notas de café.
Muito fino na boca, elegante, sem grandes concentrações, taninos redondos e gulosos. Boa acidez e final médio/longo assente sobre uma toada de fruto e frescura. Durante o almoço mostrou-se mais desenvolto nas notas florais e vegetais. Bem feito e curioso no perfil.
Nota 15


DFE Signature 2007
Produtor - Douro Family Estates
Região - Douro
Grau - 15,5% vol
Preço - 17€
É o vinho estandarte, o vinho elaborado do melhor que os produtores que integram este grupo, têm para dar. O vinho, feito a partir das castas tradicionais do Douro, fermentou e estagiou em barricas de carvalho francês.
Excelente concentração de cor.
É realmente o vinho mais interessante do conjunto. Ainda está algo fechado, e como tal esperei pelo almoço para o ver já com alguma "disponibilidade" pois presumo que o vinho tenha sido decantado. Melhorou bastante. O compasso é marcado pelas notas de barrica que ainda se mostram numa toada de classe. Fruto maduro, alguns florais, balsâmicos e ligeiro vegetal são os senhores que se seguem. O conjunto é quente sem no entanto ser pesado, bem pelo contrário.
Na boca novamente uma toada de elegância com taninos finos, expressivos e generosos. Não é tão fresco como o vinho anterior, mas é mais generoso e proporcionado. O final é quente e com alguma percepção alcoólica.
Apesar do elevado grau alcoólico, este vinho mostrou-se, de uma maneira geral, equilibrado, no entanto, para conseguir que se mostre assim, é necessário prestar maior atenção à temperatura em que é servido. No meu entender, não muito acima dos 16ºC.
Nota 16



Em jeito de resumo, confesso que fiquei agradado com os vinhos, sobretudo com o seu perfil. Elegantes, nunca encontrei nenhum exagero nas concentrações e na rigidez dos vinhos. Tirando o grau alcoólico de alguns vinhos, que de certo modo me perturbou, achei um perfil bem interessante, com frescura, elegância e boa definição de fruto. Obviamente que ainda há por melhorar, nisto dos vinhos há sempre, mas parece-me um futuro risonho para este novo grupo que agora "se levanta". Os meus parabéns pela iniciativa.

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