Dois Séculos de Vinho Português
"Velhos são os Trapos"!!!!!
Esta é daquelas afirmações corriqueiras que se podem adaptar perfeitamente a alguns vinhos, aqueles vinhos, considerados velhos, mas que de idade só têm mesmo o tempo que já passaram dentro da sua garrafa.
Esta prova, foi uma excelente oportunidade para provar, ou voltar a provar, os tais vinhos que envelheceram bem, vinhos que apesar da sua idade avançada, ainda se perfilam como jovens de espírito, jovens de alma. Esta prova consistia em provar vinhos Portugueses, tranquilos e fortificados, anteriores a 1990. Na realidade estiveram três vinhos que eram a excepção à condição. Portanto, vinhos com mais de 20 anos.
Neste prova acabei por não provar nas melhores condições, uma vez que não estava sentado, como os restantes. A minha função de "organizador" desta prova, apenas me entregou a função de abrir as garrafas que iam saindo para os participantes da prova. No entanto, acabei por provar todos os vinhos que seguiram para a sala de provas.
Eis os vinhos:
Flight 1 (Brancos)
1 - CEVD (Nelas) Branco 1964
2 - CEVD (Nelas) Branco 1971
3 - CEVD (Nelas) Branco 1980
4 - Fundação Eugénio de Almeida Cartuxa Branco 1987 (Fermentado em Barricas)
5 - Quinta das Bágeiras Branco 1989
6 - CEVD (Nelas) 1992
Flight 2 (Tintos)
1 - Tinto Velho José Rosado Fernandes 1945
2 - Quinta da Falorca 1963
3 - CEVD (Nelas) 1963
4 - CEVD (Nelas) 1963 Touriga Nacional
5 - Caves São João Frei João 1966
6 - CEVD (Nelas) 1970
Flight 3 (Tintos)
1 - CEVD (Nelas) 1971
2 - Reserva 1971 ACB – Rótulo de Cortiça
3 - Mouchão 1974
4 - Sogrape Dão Pipas 1975
5 - Caves São João Frei João 1980
6 - Reserva 1982 ACB – Rótulo de Cortiça
Flight 4 (Tintos)
1 - Quinta do Côtto Grande Escolha 1982
2 - Mouchão 1984
3 - Tinto da Ânfora 1985
4 - Quinta do Côtto Grande Escolha 1985
5 - Ferreirinha Reserva Especial 1986
6 - Quinta das Bágeiras 1987
Flight 5 (Tintos)
1 - Quinta do Carmo 1988
2 - Niepoort Robustus 1990
Flight 6 (Vinho do Porto Vintage)
1 - Taylor's Vintage 1970
2 - Niepoort Vintage 1970
3 - Ferreira Vintage 1978
4 - Ramos Pinto Vintage 1983
5 - Fonseca Vintage 1985
Flight 7 (Vinho do Porto Colheita)
1 - Barros Colheita 1941
2 - Niepoort Colheita 1957
3 - Wiese & Krohn Colheita 1968
4 - Poças Colheita 1976
5 - Dalva Colheita 1985
Flight 8
1 – Real Companhia Velha Grandjó 1925
Flight 9 (Moscatel de Setúbal)
1 - Alambre 20 Anos
2 - HMS Moscatél de Setúbal Superior 1993
3 – Tiagos Moscatél de Setúbal Superior 1993
Flight 10 (Vinho da Madeira)
1 - D’Oliveiras VERDELHO 1890
2 - Blandy's Bual 1920
3 - Justinos Verdelho 1954
4 - Henriques & Henriques Terrantez 1976
5 - HMBorges Bual 1977
Não vou acabar por falar dos vinhos um a um, no entanto não posso deixar de falar daqueles que mais me impressionaram.
Em primeiro lugar o destaque especial, para um vinho, absolutamente fantástico. O Grandjó 1925. Não creio que ninguém que o tenha provado neste dia, lhe tenha ficado indiferente. Já o tinha provado em uma outra ocasião, mas desta vez, roçou o sublime.
Depois, os vinhos de Nelas, nomeadamente o 71 tinto e os 63. São grandes vinhos em qualquer parte do mundo, mas neste dia, o 71 tinto, excedeu-se a si mesmo. Grandioso.
Os 63, Touriga e Blend, já nos habituaram a serem imponentes, de uma côr impressionante, mas neste dia o 71, no meu entender, arrecadou toda a glória para si.
Houve ainda um outro vinho do dão que esteve primoroso. O Falorca 63. Já tinha provado este vinho noutra ocasião. Parecia um palhete de côr muito esbatida, salmonada quase. Mas esta garrafa, apresentou um vinho com uma côr muito mais carregada, com centro violáceo. Estava muito bom.
O Tinto Velho 1945. Há vinhos assim. Vinhos que numa altura da vida passam por nós e dos quais nunca mais nos esquecemos. Este foi um vinho do qual tive 3 garrafas, aliás, 3 sublimes garrafas e que foi dos vinhos mais impressionantes que tive a honra de poder beber. Vinho de classe mundial seja ao lado de quem fôr. Aliás, aproveito dizer que os vinhos do Alentejo estiveram num plano fantástico. Todos sem excepção mostram excelente capacidade de envelhecimento. Não foi fácil escolher entre eles, os que mais me impressionaram, uma vez que todos eles estiveram em excelente forma. Mouchão 74, Carmo 88 e Ânfora 85 estavam magistrais.
Da Bairrada, vieram 4 vinhos. Frei João Reserva 66, 80 e 90 (todos em Magnum) e ainda um Bágeiras 87. Aqui, o 66 e 80 acabaram por ser os meus preferidos, com especial destaque para o 80, belo ano na região.
O douro veio um pouco tímido, apenas com 4 referências. Gostei muito do Reserva Especial 86, num estilo mais aveludado mas encorpado, o Quinta do Côtto Grande Escolha 1982, num estilo carregado, mais austero, mas ainda jovem, e finalmente um Robustus 1990, num estilo completamente invulgar, mas que me tem a mim como adepto fervoroso, sempre que o provo. 3 vertentes muito diferentes, mas que numa só região são bem possíveis. Hinos à singularidade e ao carácter.
No Portos, nos Moscatéis e nos Madeiras, a prova de que temos os melhores fortificados do mundo. Um duelo fantástico de 70's. Um Niepoort mais fino, mais delicado e um Taylor's mais austero e mais generoso de formas. Um Fonseca 85, que mais não fez do que parar no tempo, com uma côr absolutamente impressionante para a idade do vinho. Jovem, muito jovem, e com um futuro enorme pela frente. Nos Colheitas, foram 3 os vinhos que mais me encantaram. O Barros 41, o Niepoort 57 e o Krohn 68. Cada um no seu estilo, mas cada um com excelentes predicados.
Os Moscatéis acabaram por ser os menos representados em número, mercê da condição que foi imposta. É que na região, apenas 2 produtores se podem gabar de ter vinhos anteriores a 1990. A José Maria da Fonseca acabou por enviar um Alambre 20 anos (O vinho mais jovem do lote tem precisamente 20 anos). Se calhar é mesmo a melhor relação qualidade/preço que existe nos moscatéis.
Depois duas novidades, dois vinhos ainda pouco falados, mas que brevemente darão que falar. O JMS Superior 1993 e o Tiagos Superior 1993. Ambos os vinhos têm como base José Saramago, um Senhor dos Moscatéis, que nos dá a conhecer dois belíssimos moscatel superior, da colheita de 1993.
Terminou-se com os Madeiras. Nos madeiras a coisa não estava para brincadeiras, pois vieram excelentes representantes de cinco Casas bem conhecidas, dos quais destaco o D'Oliveiras Verdelho 1890, Blandy Boal 1920 e Henriques & Henriques Terrantez 1976.
"Velhos são os trapos"!!!!!!!
4 comentários:
Para a próxima vez que organizares uma prova destas não te esqueças de mim. hehe
não te esqueças de mim que também sou alentejano e digo bem de toda a gente
João , pensava que a A moderação de comentários servia para evitar a presença deste tipo de criaturas e dos seus comentários mas pelos vistos enganei-me.
abraço
Grande prova...
Enviar um comentário