quarta-feira, 18 de junho de 2008

Dia 5 (21 de Maio)

Era o meu ultimo dia no Douro. Só iria estar em visita a um produtor, e que produtor, no entanto foi um dia fantástico por ter realizado 2 sonhos meus. Eu sou uma pessoa com muitos sonhos no mundo dos vinhos, e na vida. Quem não os tiver, provavelmente já não terá também a paixão. Dos vários sonhos que vou tendo, e criando à medida que outros se vão realizando, existiam 2 que para mim teriam sempre uma sensação de conquista associada. Eram eles, provar o Quinta do Noval Nacional 1963, que é O Vintage, e um garrafeira da Niepoort. Acreditem que os realizei num só dia.
Mas vamos então à visita. O único produtor que iria visitar nesse dia seria a Niepoort. Já por várias vezes tive o privilégio de visitar aquela magnifica adega, mas não estava de maneira nenhuma preparado para o que me iria ser apresentado:

Brancos

Redoma 2002
Aroma com ligeira oxidação, que trás alguma mais valia ao conjunto. Notas de petroladas e de fruto que se associam a sensações de mel.
Boca redonda e de boa textura. Parece-me que vem vindo a melhorar mas também me parece que está pronto.

Redoma 2006
Nariz de excelente intensidade. Este sim, vem a melhorar e muito.
Muito sabor e intensidade na boca. Gostei

Redoma 2007
Muito mineral, muito fresco.
Boca cheia de frescura e acidez. Fantástico

Redoma Reserva 2005
A profundidade deste vinho é impressionante. Elegante e com um equilíbrio notável da madeira.
Gordo, muito gordo na boca com final longuíssimo. Acreditem que me pareceu estar agora na fase de definição do que está para vir. Espero muito deste vinho.

Redoma Reserva 2006
O que inicialmente, quando o provei pela primeira vez, me parecia ser o "Patinho Feio", acabou por se tornar realmente num Cisne. O vinho melhorou drasticamente e apresenta-se cheio de intensidade, com muitas notas de fruto, notas florais e sensações anisadas.
Boca cheia, elegante e intensa. Final longo.

Redoma Reserva 2007
Um reserva de belíssima intensidade. Muito mineral, muito fresco. Equilibrado e com notável trabalho com a madeira.
Boca com acidez notável. Corpo e frescura incessante. Uma reedição do 2005? Humm, senão não me enganar, penso que estará para melhor ou pelo menos terá igualmente fantásticos adjectivos. A seguir de muito perto.


Tintos

Redoma 1999
Ainda que se achasse que estaria "esquisito", eu até achei nele bons argumentos para ter gostado do que estava a provar. Aroma de fruto vermelho, especiaria e alguma torrefacção e caramelo. A oxidação parecia estar algo presente mas no meu entender sem prejudicar a prova.
Melhor na boca, mostrava intensidade e final persistente.

Redoma 2001
Aroma algo afastado do que eu estava à espera. Encontrei-o algo "verde" ou se quiserem, muito vegetal.
Melhor na boca, apresentava-se encorpado e cheio de sabor.

Redoma 2004
Aroma de grande intensidade e profundidade. Poderoso no aroma, dava mostras de fruto maduro e de notas especiadas.
Boca enorme, com final em grande. Fantástico

Redoma 2005
Aroma algo fechado ainda. Com alguns minutos começou a "disparar" aromas de fruto maduro de especiarias e mentolados.
Muito intenso na prova de boca, com uma certa elegância. Novamente fantástico.

Batuta 2005
Aroma muito fechado e duro.
Elegantérrimo na boca e com um final de intensidade incrível. Ainda está a meio gás, mas como tive oportunidade de comprovar esta mesma garrafa, 2 dias após a abertura, posso dizer-vos que acabei por apanhar um vinho monstruoso. Complexo, rico, denso, profundo. Um vinho de top.

Batuta 2004
Que carmoso o aroma deste vinho. Todo ele é elegância e finesse. Um vinho sem excessos, sem qualquer ponta solta e onde tudo esta equilibrado.
Boca novamente elegante. Intenso, saboroso e com final apoteótico. Um batuta com tudo no sitio. Genial.

Charme 2004
Começou algo discreto com notas vegetais, alguma sensação de fosforo e fruto silvestre.
Boca com elegãncia, sossego e plenitude de um vinho que tem um final intenso e longo.

Charme 2005
Nariz de boa intensidade. São notas de fruto vermelho, de algum vegetal, indelével coco, ervas secas e ligeiras notas florais que compõem o complexo aroma deste vinho.
Na boca não me pareceu ter tanta "calma" como o anterior. Aliás até o achei com uma certa pujança num conjunto ainda assim elegante.

Charme 2006
Fechado no aroma. Elegante. Apenas conseguiu mostrar algumas notas de groselha fresca e ligeiras sensações florais.
Boca também ela elegante. Difícil de avaliar nesta fase.

Robustus 2004
Fantástica a intensidade deste vinho. Aroma muito denso com muito fruto preto, floral e notas tostadas.
Encorpado, rijo e com potência pronunciada. Muito jovem ainda mas com um final muito longo. Este é para guardar.







Uma bela prova de um produtor que dispensa apresentações. A Niepoort tem entre o seu portefólio alguns dos melhores vinhos portugueses, no entanto não dorme à sombra da bananeira e ainda tem tempo para pequenas experiências, vinhos de garagem ou pequenos projectos. Não se fazem vinhos para outrem gostar. Fazem-se vinhos de acordo com a filosofia e perfil pretendidos. Provavelmente, aliás invariavelmente, quando se fala em Niepoort, fala-se em Dirk Niepoort, mas deixe-me dizer que apesar da importância de Dirk Niepoort, ou não fosse ele que iniciou em 1990 uma fabulosa viragem para os vinhos tranquilos do Douro, a Niepoort vale com uma equipa. Vale pelo Luis Seabra, vale pela gabriela, vale por todos os que diariamente trabalham afincadamente para que a maquina funcione.


Agora os vinhos que não pertenciam à prova mas que durante o dia e noite tive oportunidade de provar:

Quinta do Noval Vintage Nacional 1963
Impressiona logo na cor que apresenta. Sinceramente que pensaria num vintage de 85 ou superior. Aroma distinto, nobre, complexo e surpreendentemente fresco e vivo.
Boca untuosa de uma riqueza indescritível e impar. Senti algo de solene a medida que ia passando este vinho por toda a boca. Aqui tudo está magnificamente integrado, tal qual um puzzle. A acidez e o açúcar envolvem-se entre si resultando numa magnifica sensação de frescura em final doce e intenso. Soberbo

Quinta do Noval Colheita 1964
Se por um lado o vintage já me tinha "deixado de rastos", este colheita foi o fim da picada. Intenso, intenso e intenso. Não me lembro de muitos vinhos assim. Notas de tabaco, torrefacção e até mesmo alguma especiaria, eram apenas alguns dos aromas identificáveis que passavam pelo meu nariz.
Boca glicerinada, quase mastigável. Completamente decadente, este colheita. Puro deleite. Soberbo

Niepoort Garrafeira 1952
Foi decantado em 1974. Aroma rico e complexo, com notas de cereja, carvão, torrefacção e especiaria.
Fantástico na boca. Muito elegante, delicado, fino e com final longuíssimo. Puramente delicioso. Nunca tinha bebido nada com este perfil. Magnifico

Niepoort Colheita 1957
Engarrafado em 1977. Aromas que deambulavam entre notas de farripas de laranja, torrefacção, caramelo, nougat e amendoim.
Boca aveludada e untuosa com final longo. Belo colheita



E foi assim um dia cheio de intensidade e sensações magnificas. Estava na hora de voltar e no dia seguinte lé regressei à realidade do dia a dia. Abraço a todos e principalmente o meu sincero obrigado a todos os produtores que amavelmente me incluiam na visita e que nos receberam como reis. Abraço ao Mark e ao Bob, pois foram eles que permitiram que eu pudesse estar nesta fantástica aventura.

0 comentários:

Blogues Recomendados

  • Vale da Mata branco 2020 - O Vale da Mata tem nova imagem, menos sóbria e capaz de prender o olhar. Criado nas vinhas situadas nas encostas da Serra de Aire. A qualidade essa conti...
  • MOREISH CAPSULA VERDE - Projecto pessoal de Luís Lopes. Enólogo que trabalhou na Quinta da Pellada e que colabora com António Madeira, no Dão, nos arrabaldes da Serra da Estrela...

Blogues Recomendados

  • Prova - *Solstício. 2 Barricas (t) 2010* Diga-se desde já que conhecemos bem o homem por detrás deste vinho - isto é uma declaração de interesses (apesar de todo o...

Arquivo do blogue

  © Blogger template 'External' by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP