sábado, 20 de dezembro de 2008

A Prova de uma Vida - 100 Anos do Dão


Foi no passado dia 13 de Dezembro que teve lugar uma prova única, uma prova impressionante, onde estive a provar vinhos velhos do Dão.
Estive neste prova em duas vertentes. A primeira, a de ajudar na logística do evento, estava lá para servir os vinhos a todos os que tinham sido chamados a estarem presentes, a segunda, obviamente a de provar todos os vinhos que iam sendo servidos.
O evento tinha como finalidade a prova de vinhos velhos do Dão mas com um especial enfoque nos vinhos do Centro de Estudos de Nelas (CEN). A razão da minha da minha ansiedade prendia-se pelo facto de já ter provado em uma outra situação, alguns vinhos do CEN (1963 Touriga Nacional, 1987 e ainda 1994, este ultimo branco) que me tinham deixado completamente delirante pela condição que apresentavam.
A ideia deste evento partiu de Álvaro Castro, produtor na Dão e mais propriamente na Quinta da Pellada, que se apressou a encetar junto de Dirk Niepoort um esforço conjunto para concretizar este evento. Estava dado o mote para ser proporcionado a todos os presentes, um dia fantástico.
O evento decorreu na Quinta de Nápoles, centro operacional da Casa Niepoort, e estiveram presentes um punhado de Jornalistas/Críticos de vinhos estrangeiros, a maioria da nossa crítica especializada de vinhos, alguns produtores e ainda um a mão cheia de enófilos.

















O dia não estava para brincadeiras, pois o frio e a chuva teimaram em fazer-se sentir, mas era lá dentro, em uma sala bem composta e com boas condições de prova que estavam alguns vinhos que nos iriam aquecer os corações.

Os vinhos que estiveram em prova:


Brancos

CEN 1992
Porta Cavaleiros 1984
CEN 1980
Real Vinicola 1980
CEN 1978
Porta Cavaleiros 1975
CEN 1974
CEN 1971
Porta Cavaleiros 1964
CEN 1964
CEN 1963
CEN 1959


Tintos

CEN 1987
Adega Cooperativa Penalva do Castelo Reserva 1985
Grão Vasco Garrafeira 1982
Caves São Domingos 1983
CEN 1983
Federação Vinícola do Dão 1980
Dão Pipas 1980
Dão Serra 1980
Caves Velhas 1979
Real Vinícola 1982
Porta Cavaleiros 1975
Caves Fundação 1975
Real Vinícola Dona Maria 1978
Real Vinícola 1977
Porta Cavaleiros 1974
Real Vinícola 1973
CEN 1971
Federação Vinícola do Dão 1971
UDACA 1970
CEN 1970
Federação Vinícola do Dão 1970
Real Vinícola Cabido 1967
Porta Cavaleiros 1966
UDACA Reserva 1964
Quinta da Falorca 1963
CEN Touriga Nacional 1963
CEN 1963
CEN 1958
Vinhos Desconhecido 1950 (trazido Por Álvaro Castro)


















Resumo:

Nem sei por onde começar, pois ainda hoje acordei a pensar neste prova. A primeira palavra vai para os vinhos brancos do Dão, com especial relevo para os Brancos do CEN, estes últimos, são vinhos de classe mundial. Tenho a certeza que ninguém fico indiferente aos CEN 59, 64 e 63. Únicos pela frescura, elegância e personalidade. No dia do evento, à noite, voltei a provar estes brancos e ainda se mantinham firmes, perdendo apenas alguma frescura. Os brancos mais jovens pareceram-me ter condições de encetar uma vida longa pela frente.
Nos tintos a distinção entre os vinhos do CEN e os restantes era por demasiado óbvia, com a excepção de um grande vinho que por lá apareceu, o Quinta da Falorca 1963. Um vinho estrondoso, estilo Clarete, com uma elegância ímpar. Dos participantes haviam vários a pedir uma repetição. Os CEN 87, 71, 70 e os tremendos 1963 Touriga e 1963 Blend, fizeram as maravilhas dos participantes que tenho a certeza que tal como eu fizeram mais uma prova de uma vida.

As questões e constações que me assolaram ao longo da prova:

Obviamente que a questão da capacidade de envelhecimento me surgiu de imediato. Os vinhos do Dão provaram ter capacidade de envelhecimento mas, e os vinhos que estão hoje em dia a ser feitos?

Numa altura em que falamos muito dos vinhos alcoólicos, tenho de vos dizer que os melhores vinhos que apareceram nesta prova, e dirijo-me aos vinhos do CEN, são vinhos que que o grau alcoólico é sempre superior a 13,5% vol e chegando em algumas situações, perto dos 15% vol.

O Dão, os produtores do Dão, têm a capacidade e obrigação de fazer mais e melhor vinho. Especialmente nos brancos, o Dão é para mim uma região com potencial único em Portugal.



Nota Final: As imagens foram gentilmente cedidas pelo Produtor Duriense João Roseira (Quinta do Infantado, Gouvyas)

4 comentários:

Casa Agrícola Horácio Simões terça-feira, dezembro 23, 2008 1:19:00 da tarde  

Grande João

Até quem fim.

Já tinhamos saudades..

Anónimo quarta-feira, janeiro 28, 2009 12:24:00 da manhã  

Que inveja...

Só gostava de saber como é que se participa em provas dessas...

Anónimo sexta-feira, janeiro 30, 2009 10:12:00 da manhã  

É só para a eleite e amigos. Para aqueles que dizem bem.

Pumadas sexta-feira, janeiro 30, 2009 10:27:00 da manhã  

Sinceramente nem sei porque me dou ao trabalho de responder-lhe mas aqui vai:
Esta prova teve como principal propósito dar a conhecer estes vinhos a profissionais do sector, e como tal a esmagadora maioria dos presentes eram produtores, enólogos e críticos. No entanto existiam algumas pessoas, que nem se contavam pelos dedos de uma mão, que estavam presentes por estarem ligados aos produtores que tinham enviado os seus vinhos para prova. Portanto, estava lá sim a elite da produção, da enologia e da crítica. Pode-me perguntar o que estaria então eu lá a fazer, a que lhe respondo, a trabalhar. Eu estive nesta prova a servir os vinhos à tal elite.

Cumprimentos,

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