Douro Boys Masterclass
Era finalmente o dia 3 e eu ansiosamente deixava para trás Peniche, e rumava ao Douro. Desde há algum tempo que aquela região faz-me palpitar o coração e é impressionante o sentimento que se apodera de mim à medida que vou palmilhando quilómetros e quilómetros em sua direcção. A prova era apenas às 17h e já fervilhava de antecipação por provar todos aqueles vinhos mas também por desta vez ir ficar 5 dias pelo Douro.
Nem imaginam a dificuldade em arranjar lugar onde ficar, no Douro, por estas alturas. Estando garantida a primeira noite, no Aquapura Douro Valley, o que importava era la chegar que depois logo se haveria de arranjar qualquer lugar onde descansar.
Deixando então a prosa, estava chegada a hora de rumar à Quinta de Nápoles, onde se iria realizar o evento. O tempo não ajudava em nada. Chuva e algum frio, não condiziam com a minha postura de turista, com pólo e calções. Fui enganado mas estava completamente abstraído do tempo que fazia. Adiante, vamos então à prova.
A Masterclass Douro Boys é nada mais que a apresentação das novas colheitas dos produtores que integram este grupo, Quinta do Vallado, Niepoort, Quinta do Crasto, Quinta do Vale Dona Maria e Quinta do Vale Meão.
A prova iniciou-se com uma introdução, feita por Cristiano Van Zeller, às colheitas que se iriam apresentar, 2006 nos tintos e 2007 nos brancos. A convicção de um grande 2007, no brancos e a de um ano dificil de 2006 mas repleto de bons vinhos, veio ao encontro da minha opinião. Mas vamos aos vinhos:
A apresentação dos vinhos foi separada entre brancos, tintos e depois fortificados, mas aqui, para mais fácil leitura, vou colocar por produtor.
Quinta do Vallado
Brancos
Quinta do Vallado 2007
Feito a partir das castas Viosinho, Verdelho, Rabigato e Arinto, este vinho mostrou-se muito citrino, vegetal, muito fresco e mineral e com ligeira sensação de mel.
Boca a mostrar-se muito equilibrada, com excelente acidez , algum volume e ligeira secura final.
Quinta do Vallado Reserva 2007
As mesmas castas do vinho anterior fazem parte deste lote. A madeira, ainda que não prejudicando o conjunto, mostrava-se algo visivel. O aroma apresentou notas de fruto branco, notas tostadas e algum vegetal.
Muito bem na boca, mostrava volume e untuosidade numa sensação amendoada a que se juntava excelente acidez e final longo.
Vallado Moscatel 2007
Uma curiosa surpresa esta que foi apresentada pelo Vallado. Um vinho feito, em extreme, da casta Moscatel.
Muito aromático, este vinho espelhava na perfeição as propriedades desta casta, no entanto algo neste vinho lembrava-me um pouco a Gewurztraminer. Não se tornava enjoativo, como podem alguns vinhos feitoa a partir da casta Moscatel, se podem, tornar, mas um certa frescura pairava no aroma , desviando-nos de tais sensações.
Na boca apresentava acidez firme e perfeito equilibrio. Muito interessante e um belo ensaio.
Tintos
Vallado 2006
Feito das castas Tinta Roriz, Touriga Nacional e Touriga Franca. O aroma dava mostras de fruto maduro, notas florais e ligeiro caramelo.
Boca com frescura, nada pesada e com ligeira sensação de amargor no final. Terminava com sabor em final de media intensidade e duração.
Nem imaginam a dificuldade em arranjar lugar onde ficar, no Douro, por estas alturas. Estando garantida a primeira noite, no Aquapura Douro Valley, o que importava era la chegar que depois logo se haveria de arranjar qualquer lugar onde descansar.
Deixando então a prosa, estava chegada a hora de rumar à Quinta de Nápoles, onde se iria realizar o evento. O tempo não ajudava em nada. Chuva e algum frio, não condiziam com a minha postura de turista, com pólo e calções. Fui enganado mas estava completamente abstraído do tempo que fazia. Adiante, vamos então à prova.
A Masterclass Douro Boys é nada mais que a apresentação das novas colheitas dos produtores que integram este grupo, Quinta do Vallado, Niepoort, Quinta do Crasto, Quinta do Vale Dona Maria e Quinta do Vale Meão.
A prova iniciou-se com uma introdução, feita por Cristiano Van Zeller, às colheitas que se iriam apresentar, 2006 nos tintos e 2007 nos brancos. A convicção de um grande 2007, no brancos e a de um ano dificil de 2006 mas repleto de bons vinhos, veio ao encontro da minha opinião. Mas vamos aos vinhos:
A apresentação dos vinhos foi separada entre brancos, tintos e depois fortificados, mas aqui, para mais fácil leitura, vou colocar por produtor.
Quinta do Vallado
Brancos
Quinta do Vallado 2007
Feito a partir das castas Viosinho, Verdelho, Rabigato e Arinto, este vinho mostrou-se muito citrino, vegetal, muito fresco e mineral e com ligeira sensação de mel.
Boca a mostrar-se muito equilibrada, com excelente acidez , algum volume e ligeira secura final.
Quinta do Vallado Reserva 2007
As mesmas castas do vinho anterior fazem parte deste lote. A madeira, ainda que não prejudicando o conjunto, mostrava-se algo visivel. O aroma apresentou notas de fruto branco, notas tostadas e algum vegetal.
Muito bem na boca, mostrava volume e untuosidade numa sensação amendoada a que se juntava excelente acidez e final longo.
Vallado Moscatel 2007
Uma curiosa surpresa esta que foi apresentada pelo Vallado. Um vinho feito, em extreme, da casta Moscatel.
Muito aromático, este vinho espelhava na perfeição as propriedades desta casta, no entanto algo neste vinho lembrava-me um pouco a Gewurztraminer. Não se tornava enjoativo, como podem alguns vinhos feitoa a partir da casta Moscatel, se podem, tornar, mas um certa frescura pairava no aroma , desviando-nos de tais sensações.
Na boca apresentava acidez firme e perfeito equilibrio. Muito interessante e um belo ensaio.
Tintos
Vallado 2006
Feito das castas Tinta Roriz, Touriga Nacional e Touriga Franca. O aroma dava mostras de fruto maduro, notas florais e ligeiro caramelo.
Boca com frescura, nada pesada e com ligeira sensação de amargor no final. Terminava com sabor em final de media intensidade e duração.
Vallado Touriga Nacional 2006
Aroma sem grandes exuberâncias, marcado por algumas notas de tosta, fruto maduro, sugestões florais e algum vegetal.
Boca com alguma falta de vigor, pareceu-me faltar ali algo para preencher um vazio, mas ainda assim fino, elegante e redondo.
Quinta do Vallado Reserva 2006
Aroma rico e amplo, profundo, com muitas sugestões de fruto preto a que se associavam notas florais e especiarias.
Na boca tudo muito diferente do anterior. Um vinho de porte, muito sugestivo, com taninos bem presentes mas cooperantes, acidez vincada num final longo. Assim, sim.
Niepoort
Brancos
Tiara 2007
No primeiro impacto, a mineralidade toda. A sugestão evidente de flores e de alguma relva cortada.
A delicadeza e a finura na boca. Um equilíbrio perfeito, novamente a sugestão mineral em conjunto com uma acidez crocante, tornam este vinho, no meu entender, no melhor Tiara de sempre. Muito bem
Redoma 2007
No nariz são ligeiras as notas da madeira. Está bem trabalhada. Os apontamentos minerais estão presentes em conjunto com alguma pêra e baunilha.
Boca cheia, forte sem excesso, excelente acidez e equilíbrio num final longo e ligeiramente amendoado.
Redoma Reserva 2007
Aroma complexo, mesmo à redoma reserva, muitas notas de fruto branco, mineral, tudo muito delicado.
Boca cremosa, de perfeito equilíbrio, onde a madeira efectua um papel secundário e fugaz. Excelente acidez a conferir frescura e um final de classe. Um remake do 2005? Na minha opinião, poderá mesmo vir a ter mais potencial.
Tintos
Vertente 2006
Aroma muito interessante e intenso com notas de erva doce, algum alcaçuz, fruto maduro e sugestões de cacau.
Boca com intensidade, taninos redondos mas cheios de sabor num final com sugestões picantes. Está guloso este Vertente.
Redoma 2006
Não tendo sido engarrafado o Batuta, todo o potencial da vinha velha veio parar a este redoma. Aroma muito diferente do costume mas cheio de nuances interessantes. Muitas são as sugestões balsâmicas que se enquadram num conjunto com notas especiadas, de fruto maduro, folhas secas e notas tostadas.
Curiosamente mostrou frescura num conjunto de volume, de raça e com final longo.
Charme 2006
De inicio pairam sobre este vinho muitas notas mentoladas. Depois é a vez de um fruto silvestre, um morango, algumas ervas aromáticas e notas tostadas se juntarem ao conjunto.
Muito fino, cheio de notas silvestres e de algum verde. Muito delicado, aveludado e sedoso. Final longo e elegantérrimo. Um Charme à Charme
Quinta do Crasto
Brancos
Crasto 2007
A estreia da Quinta do Crasto em vinhos brancos. Intenso e exuberante no aroma, este vinhos mostra muitas notas de citrino, muitas notas vegetais e sugestões minerais. Todo ele transpira frescura.
Na boca mostra plenitude, equilíbrio, sensação crocante, mineral e manifestamente pouco álcool.
Tintos
Crasto 2007
Aroma de muita fruta onde alguns apontamentos florais vão timidamente aparecendo.
Na boca é redondo, frutado e com frescura assinalável. Um vinho bem divertido
Quinta do Crasto Reserva "Vinhas Velhas" 2006
Ainda precisa de tempo para mostrar o seu potencial, no entanto, para já dá-nos mostras de fruto muito maduro, café, tosta, especiaria e algumas notas florais.
Boca de belo efeito com vigor e muita estrutura. Taninos finos e final bem longo.
Quinta do Crasto Touriga Nacional 2006
Muito sóbrio, ou seja, nada de exuberâncias extremas e cansativas. Notas florais, bergamota, fruta copiosa e baunilha.
Excelente na boca a mostrar calor, raça, vigor no tanino e intensidade num final bem longo mas muito jovem.
Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa 2006
É difícil chegar a um vinho deste calibre e não ficar completamente perdido, inebriado com o seu perfume, com o seu chamamento. Moka, fruto muito maduro, ligeira especiaria, violetas, ligeiras notas de barrica.
Boca acetinada, intensa, inebriante. Vinho profundo, vinho tremendo.
Quinta do Vale Dona Maria
Nota: Os vinhos desta Quinta tinham sido engarrafados há bem pouco tempo, 1 mês, e como tal ainda apareciam algo fechados e com algumas questões relacionadas com engarrafamento.
Brancos
VZ 2007
Este VZ mostrou-se complexo, no aroma, com muitas notas de algum citrino, baunilha, algum vegetal, flores brancas, sério.
Na boca, era um vinho sério, de porte mas até certo ponto um vinho delicado e com acidez muito presente. Terminava com notas tostadas e de excelente persistência. Acabei por o voltar a provar, depois no jantar, e constatei que melhorava muito, mas muito. Belo vinho
Tintos
Casal de Loivos 2006
A fruta ainda estava muito escondida, ao passo que as notas de barrica ainda dominavam de certa maneira o conjunto.
Na boca, muito jovem, com tanino raçudo e bem presente. Precisa de tempo mas deu já boas indicações.
Quinta do Vale Dona Maria 2006
Aroma muito sedutor. Era para já o vinho deste produtor, que se mostrava mais esclarecido. Complexidade, mas muita intensidade nos aromas. O fruto era negro, quente, mas de uma expressão muito limpa. As notas de barrica muito bem integradas no conjunto, sugeriam tosta a tabaco.
Boca muito jovem ainda, gulosa. Taninos muito presentes mas muito bem integrados, acidez marcante e final longo. É dificil ficar indiferente a este vinho.
CV 2006
Muito fechado no aroma, aliás muito fechado mesmo. A elegância deste vinho era ainda a unica mostra que dava da sua qualidade. O fruto maduro, ainda algo timido, andava de braço dado com notas de barrica que também não se mostravam muito.
Na boca, tudo diferente. O vinho mostrava-se vibrante, a elegância marcava pontos e os taninos ainda muito presentes e muito jovens, marcavam ainda toda esta prova de boca. O seu tempo ainda chegará, com a possibilidade de se beber um vinho de grande categoria.
Quinta do Vale Meão
Tintos
Meandro do Vale Meão 2006
O Meandro pareceu-me algo diferente do que estamos acostumados. A sua bela intensidade mostrava um vinho mais pronto, de fácil aproximação. O fruto era bem maduro, por vezes silvestre, alguma especiaria e notas fumadas completavam um conjunto que era de vez enquanto assolado com curiosas notas florais.
Na boca um vinho que mostrava ligeira frescura, mais aberto, mais apetecivel. Os taninos estavam lá mas eram dóceis e em nada mostravam protagonismo. Gostei muito deste Meandro.
Quinta do Vale Meão 2006
Este era o vinho, que até à data de prova, não sabia se iria ser lançado. Curiosamente achava que este produtor estava lá para mostrar apenas o Meandro. Ainda bem que não o fez.
O Vale Meão mostrou a raça do costume, a delicadeza, associada a uma potência a uma indicação de complexidade. Os aromas mostravam-me "low profile" mas estavam lá. O Fruto, as violetas, a especiaria fazim parte de todo o conjunto, onde predominava a densidade e a profundidade.
Na Boca toda a finura de um grande Vale Meão. Vinho cheio de sabor de intensidade e com um final fantástico. A estrutura, aliada à finesse. Grande Vale Meão.
Fortificados
Niepoort LBV 2004
Muito intenso no aroma, este LBV, mostrou muita capacidade de agradar. Fruto muito maduro, caramelo, algumas notas florais e de chocolate.
Boca de muito boa estrutura, fresco e muito equilibrado. Muito guloso.
Niepoort Vintage 2005
Aroma a mostrar bastante exuberância, com muito fruto maduro, muitas notas florais e minerias. A Elegância em vez da potência.
Na boca, nada de super bomba. Neste Vintage tudo esta equilibrado, tudo se mostra com delicadeza e finura. Um vintage de perfil diferente mas que de certo modo aprecio pela sua fácil prova em todos os momentos, no entanto, penso que terá muita vida pela frente. De belo efeito.
Quinta do Crasto Vintage 2005
Mostrou-se muito aberto para a prova, muita doçura, flores, especiaria.
Redondo na boca e a dar provas de estar dentro do seu espectro de consumo. Dá uma prova fantástica desde já.
Quinta do Vale Meão 2004
Maduro no aroma, cheio de notas de fruto preto, especiaria e chocolate.
Boca harmoniosa, densa, gulosa. Um Vintage de fácil aproximação. Para ser bebido em novo mas com alguma potencialidade para uns anos em garrafa.
Quinta do Vale Dona Maria 2004
Aromas de muito fruto maduro, cerejas, chocolate.
Boca plena de frescura, cheia de equilibrio e extremamente gulosa. De belo efeito.
Em jeito de resumo, foi uma prova de belo efeito, uma fim de tarde bem passado, sempre na companhia de bons vinhos. Provavelmente repararão que gostei da esmagadora maioria dos vinhos, o que é perfeitamente compreensivel face ao produtores envolvidos. Fiquei, aliás, continuei com duas ideias em relação aos vinhos. Os brancos de 2007 mantém-se muito frescos com bela acidez. Os tintos de 2006, apesar de muitos apregoarem um ano mau, pelo menos aqui mostraram ter carácter, ter vigor e em muitas situações ter frescura.
De seguida comentarei o jantar e a festa final, uma vez que os vinhos que se beberam, mais antigos, dos produtors, deram-me algumas indicações que quero partilhar com vocês.
Até já.
2 comentários:
Bela 'reportagem' da Masterclass!
Abraço
João,
quando falas do Moscatel do Vallado, dá-me a sensação que o vês (assim o escreveste) como surpresa. Se eu te estiver a interpretar não ligues, mas eu já bebi algumas garrafitas de 2006! A última que bebi deu-me a sensação de estar a entrar numa fase "demasiado" evoluída para mim, com uma doçura demasiado acentuada para o fim. Mas pode ter sido caso único.
Cumprimentos
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