quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O Verão Alentejano

O vinho branco, felizmente, está a ganhar terreno entre os portugueses, cada vez há mais pessoas a considerarem um bom branco, nas suas escolhas de dia a dia, ou mesmo em ocasiões especiais. É nesta época estival, que notoriamente se consome mais vinho branco, especialmente em dias de calor intenso. Eles querem-se frescos, assertivos, de boa acidez e, num dia de "caldo", conseguem fazer maravilhas. Eis algumas sugestões, na minha opinião, muito válidas, sobretudo na relação qualidade/preço:





Esporão 2 Castas Semillon/Viosinho 2011
Cor palha. Muito bem no aroma, perfumado, com sugestões minerais de inicio, laivos de frescura, e a passos, sugestões doces do Semillon. Com a subida de temperatura surgem as "notas de Sauternes".
Bom volume na boca, cremoso e ligeira sensação de doçura. Fresco e intenso. Muito bem desenhado
Nota 16


João Portugal Ramos Marquês de Borba branco 2011
Feito a partir das Castas Arinto, Antão Vaz, Verdelho e Viognier, fermentadas em inox, apresenta uma cor palha. Aroma frutado, de boa intensidade, com sugestões vegetais, de boa frescura.
Muito bem na boca, com frescura, e acidez alta. Gastronómico.
Nota 15,5

João Portugal Ramos Vila Santa Reserva branco 2011
Feito a partir das Castas Arinto, Alvarinho e Sauvignon Blanc, parcialmente fermentado em barricas novas de carvalho francês, apresenta uma cor palha, com laivos esverdeados. Rico de aromas, com sugestões de citrinos, ligeiro vegetal, café e mineral. Muito fresco e de carácter vincado.
Muito saboroso na boca, com acidez penetrante e final nervoso. Muito bem, de belo efeito. Bom para acompanhar uma refeição. Muito bem
Nota 17

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Chegou o novo Barca Velha

Aí está a 17ª edição do mítico Barca Velha, da colheita de 2004, que foi apresentada no dia 16 de Maio, efeméride celebrada também lá em casa e a razão por não ter estado "in loco" nesta apresentação.
Tudo começou em 1952, com o lançamento da primeira edição, pela mão de Fernando Nicolau de Almeida, o grande mentor deste projecto. Certo é que este vinho acabou por se tornar o ícone maior, o grande estandarte, dos vinhos portugueses, durante estes 60 anos que passaram, desde o primeiro lançamento do Barca Velha.

Algum sururu foi criado em torno deste lançamento, no sentido de tentar adivinhar qual seria então a colheita escolhida para ser lançada. A escolha acabou por recair sobre a colheita de 2004, uma colheita que aprecio bastante. Portanto, se pensarmos bem, seria previsível que fosse mesmo o 2004.

Seja então bem vindo o novo Barca Velha, que muitos já esfregarão as mãos de contentamento enquanto esperam que tome o seu lugar nas prateleiras.

© Sogrape Vinhos, SA

domingo, 13 de maio de 2012

Duelos

Tenho imenso prazer nestes "duelos" vínicos, entre vinhos que tanto diferem na sua condição, e sobretudo no seu perfil. Estas diferenças automaticamente sugerem um debate aceso sobre a qualidade dos vinhos, sobre o seu perfil e sobre os gostos particulares de cada individualidade.
O certo é que um almoço sem grande preparação, se tornou num fantástico debate entre amigos. Até dá gosto assim.

Obviamente que para isto contribuíram, e muito, a qualidade geral dos vinhos, a fabulosa comida e a boa disposição, apesar de uma noite em cheio no dia anterior com um jantar vínico na Tasca do Joel. Assim ontem acabámos por rumar novamente para este "nosso" santuário, onde invariavelmente somos tratados como Reis.

Começámos com as entradas. Búzios gratinados, lulinhas e o habitual presunto, que harmonizámos com o único Borgonha do almoço, um sempre impecável Etienne Sauzet Puligny-Montrachet 2008. "Enrolaram-se" na Perfeição entre si.

Nas carnes, a escolha foi um excelente misto de carnes, que continha a novíssima carne maturada da tasca, Barrosã, Porco Preto, etc. Simplesmente divinal e no ponto. Acompanharam os vinhos tintos na Perfeição.


Quanto aos vinhos:


Etienne Sauzet Puligny Montrachet 2008
Muito fino, demorou algum tempo até começar a abrir. De repente, um Puligny generoso, puro e mineral.
Na boca contava com maior acidez, com mais nervo, mas adorei a sua largura, elegância e viscosidade.


Luciano Sandrone Barolo "Le Vigne" 1999
Fantástico na pureza. Um Barolo puro e duro. Estilo tradicional, rústico, de cor aberta e com sugestões de terra, alcatrão e especiarias.
Fino mas de taninos empertigados. Adorei


Penfolds Grange 1999
Colossal, muito jovem. Muito denso, profundo e mesmo austero ainda. Tudo muito primário, com fruto muito preto, tosta e especiarias. Impressiona em todos os aspectos. Másculo, generoso, envolvente. Grande vinho, grande Syrah. A guardar.


Château Léoville las Cases 1989
Que garrafa tão perfeita. Muito jovem na côr e nos aromas ainda bem marcantes de frutos maduros, de pimento e mineralidade. Muita profundidade. Denso
Intenso, saboroso, muito fino mas marcadamente largo. Final muito longo. Perfeito


Château Lafite Rothschild 1991
De um ano bem menor em Bordéus. Aparentava ter bem mais idade que os 21 anos de vida. Cor já muito marcada pelo tempo, ou por uma guarda pouco exemplar. Ainda subiu muito no copo, mas comparando com os vinhos anteriores, apenas deu prazer.


M. Chapoutier Hermitage Vin de Paille 1994
Aromáticamente muito complexo, com muitas notas de tangerina, de mel, canela.
Grande controlo no açúcar. Viscoso mas ao mesmo tempo elegante. Muito longo. Excelente


Olaszliszkai Borászati Emerencia Selection Tokaji Aszúeszencia 1995
Grande concentração, complexidade e frescura neste vinho. Muito doce, sem ser de maneira nenhuma enjoativo. Notas de mel, caramelo, nougat e especiarias.
Grande concentração na boca, viscoso, bom equilíbrio entre o açúcar e a acidez, apesar das cerca de 200g de açúcar residual. Fantástico

Dr Loosen Erdener Pralat Riesling Auslese 1976
Muito fino, complexo e fresco. Perdeu muito da sua doçura e é agora um espelho do equilíbrio e da longevidade destes rieslings. Fantástico como sempre.


Artur Barros e Sousa Terrantez 1980
Um dos meus produtores preferidos. Côr muito clara mas enorme complexidade do nariz. Este Terrantez é muito elegante, o que alguns até considerariam de magro. Acidez marcante e final muito longo. Adoro










quarta-feira, 9 de maio de 2012

Infowine Forum




É já no final deste mês de Maio, nos dias 30 e 31, em Vila Real, que terá lugar a 3ª edição do Fórum Infowine.
Com este evento, voltam novamente ao palco grandes nomes do sector vitivinícola como, Adrian Bridge da Fladgate Partnership, Joshua Greene Jornalista da Revista Wine and Spirits Magazine, Denis Dubourdieu um produtor, investigador e considerado uma das pessoas mais influentes no mundo, e ainda nomes como o sommelier Bruno Quenioux, Álvaro Van Zeller, e outros mais. Razões de sobra para dar um salto a Vila Real, em pleno Douro e ouvir as ideias a escorrer durante dois dias.

 Mais informações e inscrições aqui

sábado, 14 de abril de 2012

Entre os Grandes, emergiu um dos nossos

Provavelmente já se aperceberam que apesar de gostar bastante dos nossos vinhos, que em vários casos ombreiam com o que de melhor se faz além fronteiras, tenho uma predilecção também por vinhos que não são feitos em Portugal. Um das minhas regiões de eleição é a Borgonha, que me fascina pela sua complexidade, que me fascina sobretudo pelo estilo de vinhos.
Na verdade tenho sido abençoado com a possibilidade rara de poder beber alguns dos grandes vinhos desta região, aliás, para ser sincero tenho sido sobejamente afortunado por beber os grandes vinhos de várias regiões, alguns dos quais suspeito que nunca repetirei a façanha.

Há umas semanas tive novamente o prazer de deambular durante uma semana pela Borgonha, onde tive a honra de ser convidado para jantar, por uma família de amigos, que sempre tão bem me recebem em sua casa. A condição é apenas uma! Beber vinhos da Borgonha. Já estão provavelmente a ver a minha cara de sacrifício. Este ano preparei uma surpresa, e acabei por trazer um vinho Português, que acabou por ser o vinho que mais suscitou o espanto dos presentes, onde se incluíam os anfitriões, um produtor de Chassagne-Montrachet, o Jean Marc Pillot e Directores da Maison Delas, no Rhône.

Este vinho que levei, era um Vinho da Madeira, um Boal, 18?? (presumidamente 1895), da Companhia Vinícola da Madeira. Pois entre alguns titãs da borgonha, o nosso Madeira acabou por ser o vinho que maior distinção teve, ao ser considerado pelos presentes como o grande vinho. Enche-me o peito de orgulho quando isto acontece com um vinho que é nosso, e deixa-me um calor especial, por ser um Vinho da Madeira. Em vinhos fortificados, podemos gritar bem alto. Somos os melhores do Mundo.




Os vinhos:


Domaine Ramonet Chassagne-Montrachet 1er Cru Morgeot 2009
Apesar do ano não ser de grande frescura e acidez, este Ramonet mostrou-se de enorme mineralidade e frescura. Na boca muito fino, mas incisivo. Pureza e elegância. Adorei

Domaine Coche-Dury Meursault 2004
Sempre que me coloco em frente dos vinhos deste produtor, fico sempre sem palavras. Coche-Dury é muito especial, encerra em si um estilo muito próprio, inimitável. Seja em que ano for, quente ou fresco, os seus vinhos mostram enorme rigor na frescura, na acidez abundante. Complexo e preciso é um hino à arte de fazer grandes vinhos. Pouco mais a dizer.

Joseph Drouhin Beaune Clos des Mouches Blanc 2001
Excepcionalmente muito jovem na cor. Muito fino, apesar do seu perfil gordo e volumoso. Mostra algumas notas de evolução positiva. Estará provavelmente ao seu melhor, mas ainda permanecerá nesta condição por muitos mais anos. Um surpresa de elevado nível.

Jean Noel Gagnard Chassagne-Montrachet 1er Cru Les Caillerets 2003
Evoluiu precocemente, o que tendo em conta a colheita seria de esperar. Ainda bebe-se com prazer, sendo no entanto o vinho menos interessante do jantar. 

Domaine des Comtes Lafon 1er Cru Volnay-Champans 2007
A precisar de tempo. Bem austero, um pouco diferente do que seria de esperar de vinhos desta colheita, que são mais abertos. Mostrou muito pouco, ainda muito fechado. Pareceu-me precisar de tempo.

Domaine des Lambrays Clos de Lambrays Grand Cru 2007
A perfeição num jovem borgonha. Muito perfumado, terrivelmente sedutor. Fino, muito fino, mas sempre com um estilo sumarento, de concentração. Adorei. Que momento fantástico

Domaine de la Romanée-Conti Richebourg Grand Cru  2002
Um colosso de vinho. Muito perfumado, cheio de sugestões de flores e especiarias. Ainda muito primário no aroma.
Muito fino, textura de cetim mas potente, num estilo musculado. Taninos ainda algo presentes. Um infanticídio, mas que me aconchegou o coração. São efectivamente vinhos muito especiais.

Domaine Tollot-Beaut Corton Bressandes Grand Cru 2003
Especialmente depois do anterior vinho, este surgiu algo "fora do baralho". Muito concentrado, muito maduro. A fruta é muito densa, sem ser compotada. Todo ele é redondo, carnudo e opulento. É muito saboroso efectivamente, mas o estilo é pouco transparente e puro.
Terá alguns adeptos, com toda a certeza, mas não é certamente o meu estilo.


Companhia de Vinhos da Madeira Boal 1895
A apoteose para todos os presentes, e um peito inchado para mim. A generosidade de um Vinho da Madeira, que mostra que apesar de tantos anos passados, ainda se ergue com raça e firmeza, que mostra uma complexidade indecifrável. O perfeito resultado da simbiose entre o que a natureza dá e o que o homem constrói.



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