quinta-feira, 12 de junho de 2008

Dia de Portugal (As minhas impressões)

A medida que se desenrolava a prova, ia eu, e todos os outros,tirando notas dos vinhos que passavam à nossa frente. São meras impressões e como tal muito resumidas. Nem todos os vinhos enunciados vão estar descritos, uma vez que optei por colocar apenas os que mais gostei ou que possam ter alguma particularidade interessante.


Os Brancos


Grandjó 1925
Um dos vinhos que colocou todos os presentes "em sentido". Era altura de poucas palavras mas de muita contemplação por um vinho raro e lendário. O vinho em si não defraudou as expectativas até porque estaríamos perante um dos poucos exemplares que estaria em perfeitas condições. Na cor ondulava um amarelo bem torrado com reflexos esverdeados. Aroma com sugestões especiadas, nomeadamente de açafrão e sugestões de algo medicinal. Boca um tanto delgada mas rica pela perfeita sincronização entre a já pouca doçura e a não menos desvanecida acidez. O que é certo é que um vinho com esta idade e ainda estar vivo, é um perfeito milagre.

Marquis de Soveral 1958
Começou algo estranho. Inicialmente afastei-me um pouco dele mas à medida que arejava, tornou-se num vinho sério e com uma frescura reconfortante e uma vivacidade invejável.

Marquis de Soveral 1967
Muito aromático e intenso, este vinho mostrou notas resinosas interessantíssimas.
Muito vivo na boca, com boa acidez e frescura.

Real Vinícola Dão 1980
Uma bela surpresa para um vinho que ainda tem muito para dar. Nariz rico com sugestões petroladas, vegetais e resinosas.
Boca de enorme frescura, acidez penetrante e final longo. Fantástico

Centro de Estudos de Nelas 1994
Aroma muito interessante. Muito aromático, com notas de resinas, ervas aromáticas, alguma fruta e muita mineralidade.
Boca intensa e de uma acidez fantástica. Belíssimo vinho

Resumindo, apesar de não estarem aqui todos os brancos provados, foi uma prova que me surpreendeu muito, pela vivacidade de quase todos os vinhos. Ainda há quem diga que os nossos brancos não sabem envelhecer. Esta prova mostrou de certa forma, o contrário.


Os Tintos

Luís Pato 1985
Aroma muito interessante de notas de caramelo, de madeira velha e de alguma erva doce.
Vinho com boa estrutura e com taninos ainda suficientes para não nos esquecermos deles.

Sidónio Sousa Caves Valdarcos 1985
Por esta não esperava. Um vinho concentrado, cheio de fruta, com notas de verniz e notas tostadas.
Boca ainda com juventude a mostra taninos vigorosos e cheios de pujança. Impressionante este vinho que não parece estar sequer no seu melhor.

Grupo dos 8 Bairrada 1988
Aroma muito intendo e especiado. Mostrou ligeira oxidação no aroma. Muito saboroso e com final algo taninoso e seco.

Buçaco Reserva 1983
Aroma muito delicado e intenso. Boca muito sensual e saborosa. Uma surpresa

Mouchão 1962
Há bem pouco tinha provado a colheita de 63, que me tinha deixado completamente embeiçado. Este Mouchão estará, no meu entender, alguns furos abaixo do seu sucessor mas ainda assim é um vinho cheio de vida e que nos dá um prazer enorme a ser bebido.

Mouchão 1970
São porventura aqueles vinhos dos quais não esperamos grande coisa, que quando nos surpreendem, nos deixam em completa êxtase. Este Mouchão é um desses vinhos. Impressiona logo pela cor concentrada que sugere um vinho muito mais recente.
Nariz muito concentrado, pleno de aromas frutados, de aromas especiados.
Na boca é tão saboroso, com uma frescura incessante e final longo e de enorme categoria. Um hino ao grande vinhos portugueses.

Colares Visconde de Salreu 1967
Aroma intenso a torrefacção, café, madeira velha e chá preto.
Boca com muita acidez e vivacidade.

Viuva José Gomes da Silva Reserva Velho 1965
Aroma de boa intensidade com notas de erva doce, muita madeira velha e algumas sugestões mentoladas.
Boca redonde a com alguma acidez.

Grantom Garrafeira 1958
Muito fresco e aromático.
Boca repleta de vivacidade e com tanino ainda presente

Ferreirinha Reserva Especial 1974
A segunda colheita da magistral carreira dos Reserva Especial. Se tivesse que identificar este vinho com apenas uma palavra, essa seria sem margem para dúvida a Elegância. Este vinho é elegante, delicado e com uma frescura impar.
Na boca novamente elegância, intensidade e frescura. Fantástico

Quinta do Côtto Bastardo 1973
Apresentava uma belissima cor. Muito bem no aroma com sugestões de caruma, café, alguma ameixa e alguns fumados.
Boca equilibrada e de boa frescura. Redondo e saboroso. Belo vinho

Quinta do Carmo Garrafeira 1986
Muito bem no aroma. Não parece ter perdido muita da sua intensidade apesar dos anos que passaram. Mostra um aroma profundo e imaculado.
Muito saboroso na boca. É equilibrado e com robustez fantástica. Final longo. Grande vinho.

Quinta do Carmo Garrafeira 1987
A mim pareceu-me perder alguns pontos para o 86. Mantém o perfil dos Quinta do Carmo mas desta feita já mostra algumas notas de oxidação e poderei até considerar um vinho menos rico e interessante que o seu antecessor. Ainda assim considero-o um belo vinho.
Ressalvo que esta garrafa terá sido algo maltratada durante a sua guarda. Por isso dou-lhe o beneficio da duvida.

Valle Pradinhos 1986
Foi provado às cegas com os dois Garrafeiras da Quinta do Carmo e pareceu-me ser o que estaria em menores condições. No nariz facilmente se identificava a casta Cabernet Sauvignon mas pareceu-me já algo cansado.



Fortificados

Delaforce Corte Vintage 1997
Cor sem evolução significativa. Aroma concentrado com notas de fruto maduro e preto, Sugestões de baunilha e notas florais.
Muito bem na boca onde mostra bom equilíbrio entre a doçura e a acidez. Taninos sedosos que permitem dar grande prova desde já. Belo vintage

Smith Woodhouse Vintage 1980
Muito bem na cor, as cegas como foi provado, levava-me para anos da década de 90. Aroma de ameixas, uva passa e cerejas que se associam a notas de tabaco.
Não sendo um colosso de estrutura, na boca, mantém uma certa untuosidade. Pareceu-me algo quente no final. Precisava de mais tempo de decantação para se encaixar. Gostei deste vintage

Niepoort Tawny 1927
Este vinho é pertença de Rolf Niepoort, que o recebeu como homenagem de seu pai, quando nasceu. Nunca foi comercializado e apenas foram engarrafadas 350 garrafas.
Nem sei por onde começar. Fantástica cor para um vinho deste ano. Não é âmbar devido as nuances avermelhadas que apresenta.
No nariz é a complexidade que comanda. Rico e intenso apresenta muitasa notas de torrefacção, caramelo, cerejas e ainda algumas especiarias e bolo inglês.
Boca acetinada, riquissima, profunda e intensa que com um final apoteótico. Nunca bebi nada assim e não tenho duvidas em colocar no cimo das minhas preferências. Foi uma honra para mim ter bebido deste grande homenagem.


Estrangeiros

Vega Sicilia Único 1986
Os anos não parecem passar por este vinho. Cor muito carregada ainda.
Após a decantação, ao escorrer para o copo soltava de imediato notas de azeitonas pretas. Entretanto iniciavam-se as notas de tabaco, de fruto maduro, especiarias e um certo couro.
Muito encorpado este vinho quase que explodia na boca com sensações de fruto maduro. Terminava perfeito e longo. Ainda com muita vida pela sua frente este é realmente um dos grandes do Mundo.

Weingut Keller Westhofener Kirschspiel Riesling 2004
Aroma muito intenso com muitas notas minerais, fruto tropical, Pêssego e flores.
Boca cremosa com excelente acidez. É difícil parar de beber este Riesling. Absolutamente viciante.

Donnhoff Niederhauser Hermannshohle Riesling Auslese 2001
Cor amarela. Aroma de fruta confitada, sensação de botritys e muita mas muita mineralidade.
Boca cheia e vigorosa mas ao mesmo tempo delicada que se redobra em notas tão saborosas. Final longuíssimo e cheio de prazer. Um grande mas grande vinho

Champagne R&L Legras Cuvée St Vincent Blanc de Blancs 1996
Aqui vai o prémio para o mais fantástico nariz. No ataque um fabuloso aroma de massa folhada a sair do forno que se associa a maças e baunilha. Tudo isto em uma intensidade fenomenal.
Bolha fina e mousse delicada trazem-nos para bem perto da perfeição. Que belo champagne.

Coche-Dury Mersault 1999
Bonita e brilhante cor amarelada. Aroma muito complexo com notas minerais de citrinos. No nariz a elegância é a nota predominante onde o perfeito equilíbrio entre o vinho e a madeira é elevado ao extremo.
Boca cremosa, explosiva, intensa e profunda. Termina longo e com classe. Soberbo.

Domaine Rousseau Gevrey-Chambertin 2004
Muito delicado no aroma, misterioso. Notas de fruto silvestre, especiarias e algum vegetal.
Boca sedosa e elegante que termina com perfeito equilíbrio.

Domaine Rousseau Gevrey-Chambertin 2005
Mais concentrado que o anterior, mesmo até na cor, é um vinho cujos aromas são bem mais fáceis de gostar. As notas de morangos e especiarias dão intensidade no aroma.
Boca mais facil e provavelmente mais saborosa que o seu antecessor. Gostei mais do 2004

Domaine de la Romanée-Conti La Tâche 2002
Foi provado às cegas depois dos Rousseau e de imediato senti mais intensidade e mais complexidade. Aroma fino e delicado com notas de fruto silvestre, especiaria, algum vegetal. Muito complexo pois tive a contemplar este vinho por mais de uma hora e tudo se mostrava cada vez melhor e sempre tendendo para uma maior elegância.
Boca em tudo harmoniosa e equilibrada. Mais elegância, agora na prova de boca. Soberbo

Giacomo Conterno Barolo Riserva 1995
Cor de grande concentração. Aromas de fruto maduro, notas licoradas e de tosta.
Boca de grande potência e estrutura. Um vinho para muitos anos. Um grndioso vinho.

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